DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

O Conto Mineiro
A MÃE-DA-LUA
(Lenda do Vale do Baixo Paraopeba)
Agripa Vasconcelos*
Às queridíssimas Mara, Ophir e Belkiss,
sorriso, claridade e paz de minha vida.
Naquele tempo, segundo a tradição, Jesus andava pela terra,
experimentando o coração dos homes. Sofrera na sua humildade pelos
pecados alheios. Vira de perto a baba corrosiva dos vícios e as
reincidências mais torpes. Reconhecendo a dureza das almas e o egoísmo
da carne, retirou-se, orando, para a selva.
Os pássaros eram mudos e tinham todos cor uniforme da terra. Ele,
que tanto se esforçara pela virtude dos homens, quis repartir com as aves
a sua misericórdia tão doce. Tingiu de um rubro alegre os canários
agrestes; deu às garças a cor nívea das espumas; aos melros, o negro
fechado para que fosse mais solene o seu canto heroico. Pintou as asas
que vira, sendo que as aves pardas ainda hoje são aquelas que seus olhos
não banharam da luz maravilhosa.
* Dados biográfico no final do texto.
Revista Volume LI.p65 239
12/5/2009, 15:29