DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A verda<strong>de</strong> ________________________________________________________________________ Jorge Lasmar 217<br />
Na referida crônica, o Professor Tollendal conta a história, em<br />
<strong>de</strong>liciosos parágrafos. No título – O Príncipe – pergunta e respon<strong>de</strong> o que<br />
vem a ser um Príncipe dos Poetas:<br />
“Que diabos vem a ser um Príncipe dos Poetas?” – po<strong>de</strong>ria<br />
perguntar-se um personagem machadiano. “Que singular<br />
afeto po<strong>de</strong>ria haver entre os poetas e o <strong>de</strong>sprezível regime<br />
dos privilégios e da servidão para chamarem príncipe seus<br />
melhores pares?”<br />
“Certamente, a honraria <strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> os poetas, como<br />
os príncipes, terem um reino: no caso, o reino das palavras.<br />
Sem erário com que pagar seus dízimos, alimentar seus<br />
vassalos, financiar cruzadas, caçadas e torneios, resta aos<br />
príncipes poetas gozar do po<strong>de</strong>r absoluto <strong>de</strong>ntro e fora dos<br />
dicionários. Neste condado verbal, sobejam a nobreza e o<br />
clero.”<br />
É pena que o espaço não comporte a transcrição integral do<br />
admirável ensaio do Doutor Eduardo José Tollendal.<br />
O historiador Nestor Massena, em seu livro Barbacena, a terra e o<br />
homem, vol I, ed. IO-MG, 1995, págs. 154/9, escreveu: “Honório Armond,<br />
<strong>de</strong> modéstia que tocava as raias da morbi<strong>de</strong>z, figura ímpar no mundo<br />
intelectual <strong>de</strong> Barbacena, foi consagrado, em concurso da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Mineira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, o príncipe dos poetas mineiros. Cre<strong>de</strong>nciaram-no a<br />
essa gloriosa investidura PERANTE O ALÉM, IGNOTAE DEAE e LES<br />
VOIX ET LES BONHEURS, além da vasta produção esparsa em vários<br />
órgãos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.”<br />
Ainda, segundo Massena, Honório quis abdicar do título, <strong>de</strong>ferindo-o<br />
para José Oiticica, em carta en<strong>de</strong>reçada ao jornal A Noite. Oiticica negou<br />
a Honório Armond o direito à abdicação: “O título, por todas as leis e<br />
convenções internacionais, é intransferível. Ainda que eu fosse, na<br />
realida<strong>de</strong>, o melhor poeta mineiro, não te compete substituir tua opinião<br />
pessoal à dos teus patrícios.”<br />
Revista Volume LI.p65 217<br />
12/5/2009, 15:29