DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

O IMPERADOR DO DIVINO*
Milton Campos**
O critério de reeleição, que predominou na organização da chapa de
deputados federais, deu a muita gente a impressão de que a política
bernardista continua ainda vigente em Minas. Nada menos exato. O que
resultou da reunião da comissão executiva do PRM foi justamente a
consagração do presidente de Estado como supremo chefe e orientador da
política mineira, segundo as expressões inequívocas da moção
apresentada pelo próprio Sr. Artur Bernardes. Assim, é a outras causas
que se deve atribuir a reeleição quase em massa da nossa pitoresca
representação. De um lado, o ceticismo comodista do Sr. Antônio Carlos.
De outro, a docilidade absoluta dos velhos representantes às determinações
presidenciais. O Sr. Antônio Carlos decerto terá refletido que a
maioria da bancada mineira constitui uma compacta massa inerte e
informe, que os presidentes sempre têm empurrado para a direção que
lhes apraz. E não será agora, com o fascinante argumento de subsídio,
que os apagados burgos adquirirão a capacidade de desobedecer. Por isso
não sentiu o presidente a necessidade de renovar a bancada para melhor
poder reinstaurar em Minas o velho liberalismo eclipsado nas trevas dos
últimos oito anos. Longe de nós aplaudir esse critério displicente da
* Publicado no O Jornal do Rio de Janeiro em 22 janeiro de 1927.
** Advogado e político, foi deputado estadual e federal, senador, governador de Minas Gerais e
ministro da Justiça. Nasceu em 16 de agosto de 1900 em Ponte Nova e faleceu em Belo
Horizonte, a 16 de janeiro de 1972. Ocupou a cadeira nº 29 da Academia Mineira de Letras.
Revista Volume LI.p65 85
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