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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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A tradição acadêmica _____________________________________________________________ Vivaldi Moreira 201<br />

POESIA PURA E ARTESANATO<br />

NA POLÍTICA DE ARMOND<br />

Menen<strong>de</strong>z y Pelayo, que seguiu Aristóteles na sua Poética, filiado<br />

que era à preceptiva da antiguida<strong>de</strong>, estuda a teoria da inconsciência<br />

artística em seu volumoso tratado das I<strong>de</strong>as estéticas en Espanã,<br />

afirmando que po<strong>de</strong>mos reduzir os elementos poéticos à inteligência e<br />

disciplina. A nímesis, que é o conceito capital do aristotelismo, exigia<br />

uma atitu<strong>de</strong> lúcida. Ora, isto para nós já não e poética. Caímos na prosa.<br />

O fenômeno poético terá <strong>de</strong> ser buscado nas mesmas fontes da prece, da<br />

oração. Tudo que transcen<strong>de</strong> o ritmo normal da existência está<br />

entusiasmado, isto é, cheio <strong>de</strong> Deus, na acepção etimológica do vocábulo.<br />

Nosso tempo esté dominado, pois, por esse tipo <strong>de</strong> compreensão poética.<br />

A 24 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1925, Henri Brémond, em conferência na<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Francesa, abriu um <strong>de</strong>bate que se singularizou na intensa<br />

ressonância provocada pelo tema: Poesia pura. Estava iniciada uma nova<br />

forma <strong>de</strong> compreensão do fenômeno poético, quer como exercício verbal,<br />

como artesanato, como inspiração. A conferência inicial <strong>de</strong> Brémond<br />

que, como sabeis, não passa <strong>de</strong> oito páginas <strong>de</strong> livro, é tão célebre como<br />

a teoria <strong>de</strong> Einstein e, por sinal, ambas publicadas inicialmente em<br />

revista. A essência da poesia – ensinou Brémond – é o instinto, a<br />

genialida<strong>de</strong>, o encantamento musical. Um verso, pela magia do som e o<br />

mistério do ritmo, vale por um poema inteiro. Cada tentativa <strong>de</strong><br />

explicação racional, cada intervenção intelectualista, não faz senão turvar<br />

o encanto e <strong>de</strong>struir a emoção. “Impuro é, pois, tudo o que, em um poema<br />

– acrescenta o autor – ocupa ou po<strong>de</strong> ocupar imediatamente nossas<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> superfície: razão, imaginação, sensibilida<strong>de</strong>; tudo isso que o<br />

poeta parece haver querido exprimir ou exprimiu; tudo que a análise do<br />

gramático ou do filósofo separa <strong>de</strong>sse poema, tudo que uma tradução<br />

conserva. Impura é, em uma palavra, a eloquência – entendida não só<br />

como a arte <strong>de</strong> falar muito para não dizer nada, como, também, a arte <strong>de</strong><br />

falar para dizer alguma coisa. Para ensinar relatar, pintar, produzir<br />

estremecimento ou arrancar lágrimas, basta sobejamente a prosa, que faz<br />

disso seu objeto natural.”<br />

Revista Volume LI.p65 201<br />

12/5/2009, 15:29

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