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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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Descobrindo Marta Loutsch ________________________________________________________ Carlos Perktold 155<br />

colecionadores da época a beleza <strong>de</strong> seus trabalhos. Denise Mattar, na<br />

medida do possível, da disponibilida<strong>de</strong> e generosida<strong>de</strong> dos colecionadores,<br />

fez uma reprise da exposição <strong>de</strong> 1944, mas compreen<strong>de</strong>u a importância<br />

<strong>de</strong> Marta e <strong>de</strong>dicou-lhe Sala Especial com doze quadros a óleo, <strong>de</strong>zessete<br />

aquarelas e alguns <strong>de</strong>senhos, técnicas nas quais ela era craque. Com essa<br />

<strong>de</strong>cisão a curadora resgata uma pintora esquecida e restaura uma injustiça<br />

que o país, Minas Gerais em particular, cometia há anos.<br />

Apesar do escancarado talento em qualquer técnica, <strong>de</strong> ter<br />

participado da Semana <strong>de</strong> 1944, <strong>de</strong> ter participado posteriormente <strong>de</strong><br />

exposições individuais em Berlin, Rio e São Paulo, a obra <strong>de</strong> Marta<br />

permanece praticamente <strong>de</strong>sconhecida pelas gerações seguintes e, se não<br />

fosse pela recente exposição, possivelmente ela continuaria nesta<br />

condição por mais cem anos. Consi<strong>de</strong>rando a beleza e a qualida<strong>de</strong> técnica<br />

<strong>de</strong> suas aquarelas, <strong>de</strong>senhos e pinturas a óleo, as explicações <strong>de</strong> ignorá-la<br />

po<strong>de</strong>m estar na sua pequena produção a circular pouquíssimo hoje; seus<br />

quadros não são apregoados em leilão; não oferecem retorno a pessoas<br />

que investem financeiramente em arte; poucas famílias mineiras,<br />

paulistas ou cariocas têm obras suas e aqueles que as possuem não as<br />

expõem, não comentam sobre Marta Loutsch e ela não é citada em<br />

publicações ou em conversas sobre arte brasileira. Todos esses são fatos<br />

lamentáveis, comprovando como tratamos mal nossos filhos ilustres. É<br />

possível que sua produção tenha sido substancial para sua época, mas<br />

pequena para se perpetuar comercialmente em um mercado que ela e<br />

seus contemporâneos jamais imaginariam existir um dia no Brasil.<br />

Acima <strong>de</strong> tudo isso, por imposição matrimonial, ela morava em<br />

Sabará, pequena cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> seu marido era o superinten<strong>de</strong>nte da<br />

usina da Cia. Si<strong>de</strong>rúrgica Belgo-<strong>Mineira</strong>. Alguém po<strong>de</strong> imaginar um<br />

belorizontino sair <strong>de</strong> nossa provinciana cida<strong>de</strong> nos anos 1930 ou<br />

1940, viajar com dificulda<strong>de</strong> até aquela cida<strong>de</strong> para somente visitar<br />

seu ateliê, ver seus trabalhos e comprar algo <strong>de</strong>la? É possível também<br />

que a pequena população local, na ocasião, não valorizasse seus<br />

quadros e os consi<strong>de</strong>rasse ousados <strong>de</strong>mais. Todo esse conjunto <strong>de</strong><br />

circunstâncias transformou-a em uma maravilhosa artista pouco<br />

conhecida.<br />

Revista Volume LI.p65 155<br />

12/5/2009, 15:29

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