16.04.2013 Views

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

130 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

O cinema documentário tem, por conseguinte, uma importância<br />

relativa no que diz respeito à reprodução da realida<strong>de</strong>. Aliás, cada vez<br />

menos: hoje em dia, com os avanços da computação gráfica, é possível fazer<br />

quase tudo a partir <strong>de</strong> um software sofisticado. Já se sabia disso mesmo<br />

antes do advento <strong>de</strong>sse ferramental, como o <strong>de</strong>monstram os <strong>de</strong>saparecimentos<br />

da figura <strong>de</strong> Trotski <strong>de</strong> certas fotos feitas à época da Revolução<br />

Russa. Como alguém já disse, sempre se po<strong>de</strong> provar o contrário.<br />

Foi Jean-Luc Godard quem lembrou, certa vez, que os primitivos<br />

filmes <strong>de</strong> Louis Lumière, pequenas cenas extraídas do cotidiano,<br />

passados tantos anos, hoje mais parecem exercícios <strong>de</strong> ficção, com<br />

figuras trajando roupas estranhas e pouco à vonta<strong>de</strong> em cena, ao passo<br />

que a Viagem à Lua <strong>de</strong> Georges Méliès se aproxima agora <strong>de</strong> um<br />

documentário, até mesmo pelos caminhos que a tecnologia abriu ao ser<br />

humano.<br />

No fundo, no fundo, aproximamo-nos daquela célebre pergunta<br />

bíblica, feita por Pilatos a Cristo (e não respondida): “O que é a<br />

verda<strong>de</strong>”? A <strong>de</strong>finição perfeita da palavra escapa aos limites humanos, da<br />

mesma forma que a objetivida<strong>de</strong>. Existem aproximações: o rigor, no<br />

caso, nos retiraria a dimensão humana; ficaríamos mais próximos da<br />

condição divina. O conhecimento pleno, além <strong>de</strong> inútil, nos colocaria em<br />

uma posição imobilizadora: daí, o quê?<br />

No caso <strong>de</strong> Nanook, o Esquimó, a que serve o filme? Além <strong>de</strong><br />

transmitir informações àqueles que se mostram curiosos diante <strong>de</strong> uma<br />

realida<strong>de</strong> com poucos pontos em comum com a nossa, o documentário <strong>de</strong><br />

Flaherty só se mantém interessante para os que buscam ver nele uma<br />

reflexão sobre a condição humana. Aí, que o iglu tenha um ou <strong>de</strong>z metros<br />

<strong>de</strong> diâmetro passa a ser apenas um <strong>de</strong>talhe: fundamental é mesmo ver<br />

como seres humanos enfrentam condições <strong>de</strong> vida adversas e triunfam<br />

sobre elas.<br />

Existem experiências curiosíssimas, a exemplo da que fez um<br />

cineasta que, usando imagens extraídas da realida<strong>de</strong>, construiu um<br />

documentário absolutamente fantasioso sobre uma fictícia invasão<br />

nazista da Inglaterra. Com o uso da montagem e <strong>de</strong> uma narrativa bem<br />

construída, foi possível mostrar (e “provar”) algo que nunca aconteceu,<br />

Revista Volume LI.p65 130<br />

12/5/2009, 15:29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!