16.04.2013 Views

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

186 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

afigurava ser a expressão da verda<strong>de</strong>. Tal gesto me pagou muitos<br />

dissabores, alentando o jovem periodista e reanima, até hoje, o velho<br />

confra<strong>de</strong> vosso.<br />

Cabe-me, ao ensejo, tecer louvores à nossa penosa profissão. A<br />

pecha <strong>de</strong> frivolida<strong>de</strong>, atirada à face do jornalista, não é senão uma das<br />

muitas injustiças que adquirem foros <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>. O seu enciclopedismo,<br />

sim, e que se faz necessário para o <strong>de</strong>sempenho cabal. Vejamos os<br />

gran<strong>de</strong>s exemplares <strong>de</strong> nossas li<strong>de</strong>s: é um Ramalho Ortigão, um Émile<br />

Girardin, um Assis Chateaubriand, um Macedo Soares, ou um Paul-Louis<br />

Courier, insuperável guia <strong>de</strong> todos nós.<br />

Mestre Affonso Penna Junior, em formosa oração nesta Casa,<br />

lastimava que se per<strong>de</strong>ssem, pela multiplicida<strong>de</strong> da reprodução<br />

tipográfica, tantas jóias <strong>de</strong> fino lavor literário, esbanjadas diariamente nas<br />

colunas dos jornais, que, lidos, vão, invariavelmente, à cesta. Não é,<br />

positivamente, meu caso.<br />

Guardo, porem, um valioso ensinamento <strong>de</strong> Julien Benda, ao dizer<br />

que o jornalismo, conscienciosamente exercido, não como simples<br />

profissão, mas como sacerdócio, é uma excelente pratica <strong>de</strong> filosofia. O<br />

dialogo permanentemente travado entre nossa consciência e a do próximo<br />

ten<strong>de</strong> a transformar-se numa obra <strong>de</strong> arte. E eis aí, por exemplo, o labor<br />

<strong>de</strong> um Froissart, <strong>de</strong> um Fernão Lopes, <strong>de</strong> um Voltaire e do nosso Eucli<strong>de</strong>s da<br />

Cunha, fazendo o maior livro brasileiro <strong>de</strong> suas correspondências como<br />

repórter na frente <strong>de</strong> operações.<br />

Consciente <strong>de</strong> que a letra <strong>de</strong> fôrma é um elemento civilizador, nela<br />

venho empregando <strong>de</strong>votadamente esta existência que Deus me <strong>de</strong>u.<br />

Ainda que o não saiba ou não queira, todo jornalista e, malgré lui, um<br />

professor. Destino falhado o meu, compenso-o através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

similar. Costumo dizer que preciso sempre <strong>de</strong> uma chaminé para soltar<br />

minha fumaça cívica.<br />

Após oferecer meu concurso, como profissional da imprensa, a<br />

quase uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> diários e periódicos, em vinte anos <strong>de</strong> jornalismo,<br />

resolvi montar banca própria. A fim <strong>de</strong> exalar a fumaça particular<br />

inventei, há seis anos, um periódico sintético e aquela satisfação do<br />

jovem se renova diariamente, quando, das bibocas <strong>de</strong>ste nosso imenso e<br />

Revista Volume LI.p65 186<br />

12/5/2009, 15:29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!