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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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O Padre José Maurício, o Aleijadinho e Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> __________________ Paulo Sérgio Malheiros Santos 145<br />

meio e das influências européias. O Aleijadinho (1928) foi publicado em<br />

1935, encomendado para a Revista Acadêmica por Murilo Miranda.<br />

Depois passou a integrar o livro Aspectos das artes plásticas no Brasil.<br />

Os mo<strong>de</strong>rnistas, preocupados com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, <strong>de</strong>scobriram<br />

em nosso Barroco um marco coinci<strong>de</strong>nte com suas propostas estéticas,<br />

pois o período revelava aspectos <strong>de</strong> uma arte já consi<strong>de</strong>rada caracteristicamente<br />

brasileira, tornando-se, assim, um fator constituinte do sentido<br />

<strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong>. Ouro Preto, por exemplo, com seu conjunto arquitetônico,<br />

inúmeras obras <strong>de</strong> arte e acervo musical, suscitava a idéia <strong>de</strong> uma<br />

civilização brasileira preservada, projetando-se do passado no presente. O<br />

fascínio da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou marcas na obra <strong>de</strong> Manuel Ban<strong>de</strong>ira, Carlos<br />

Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e Cecília Meireles, entre outros que também<br />

contribuíram para transformá-la em símbolo nacional. Mário apresenta o<br />

Barroco, no artigo sobre o escultor mineiro, como um momento<br />

histórico-artístico complexo, <strong>de</strong> manifestações repletas <strong>de</strong> simbologia e<br />

ritualismo, sob condições sociais e políticas específicas, nas quais uma<br />

cultura diferenciada já se apresenta como resultante <strong>de</strong> uma vivência<br />

coletiva <strong>de</strong> uma nação. A Colônia começava a reverter um processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pendência cultural, passando a influenciar a Metrópole. E Mário <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong> estabelece a relação entre a criação <strong>de</strong> uma civilização<br />

singularmente brasileira e a existência <strong>de</strong> uma estética mestiça. No caso<br />

do escultor mineiro, cobra e <strong>de</strong>nuncia a pouca percepção ou <strong>de</strong>spreparo<br />

técnico dos observadores estrangeiros (Spix, Martius, Rugendas, Burton),<br />

incapazes <strong>de</strong> admirar <strong>de</strong>vidamente a obra do Aleijadinho em sua<br />

originalida<strong>de</strong>. O escritor sustenta, com o intuito <strong>de</strong> esboçar uma imagem<br />

<strong>de</strong> nação, um enfoque positivo da mestiçagem, bem representada pelo<br />

talento dos artistas mulatos. A mestiçagem seria um elemento i<strong>de</strong>ntitário,<br />

o reconhecimento <strong>de</strong> uma diferença, <strong>de</strong> uma alterida<strong>de</strong> ao europeu.<br />

Mário questionava, assim, o pensamento evolucionista <strong>de</strong> Spencer,<br />

bastante em moda na época, adotado por alguns autores que viam a<br />

mestiçagem como um processo <strong>de</strong>generativo. Três teorias <strong>de</strong>linearam o<br />

campo da produção teórica nesse momento: o positivismo <strong>de</strong> Comte, o<br />

darwinismo social e o evolucionismo <strong>de</strong> Spencer. De certa forma, do<br />

ponto <strong>de</strong> vista político, o evolucionismo, aceitando o postulado <strong>de</strong> que o<br />

Revista Volume LI.p65 145<br />

12/5/2009, 15:29

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