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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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146 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

simples evolui para o complexo, justificava um interesse capitalista — o<br />

da hegemonia da Europa (<strong>de</strong>senvolvida e complexa) sobre a simplicida<strong>de</strong><br />

dos povos primitivos. A importação <strong>de</strong> tais teorias trazia, portanto, um<br />

problema para os intelectuais brasileiros: aceitá-las implicava admitir o<br />

estágio civilizatório do país como inferior, se comparado ao alcançado<br />

pelos países europeus.<br />

A enumeração, ainda que superficial, da opinião <strong>de</strong> alguns<br />

intelectuais brasileiros da época, dá-nos a dimensão da complexida<strong>de</strong> e<br />

importância da questão racial, no começo do século XX. Sílvio Romero,<br />

por exemplo, interpreta a mestiçagem como um <strong>de</strong>stino inevitável para o<br />

país: uma espécie <strong>de</strong> luta entre “fatores internos” (representados pela raça<br />

e o meio) e “forças estranhas” (as influências viabilizadoras <strong>de</strong> uma<br />

imitação da cultura européia). Dentre os fatores internos, Sílvio<br />

privilegia, nitidamente, a raça sobre o meio.<br />

Eucli<strong>de</strong>s da Cunha e Nina Rodrigues também consi<strong>de</strong>ram a<br />

miscigenação <strong>de</strong> maneira negativa, como um processo <strong>de</strong>generativo;<br />

Oliveira Viana propõe o branqueamento da raça, sugerindo a importação<br />

<strong>de</strong> novos colonos brancos e amarelos.<br />

Gilberto Freyre, ao contrário, faz a apologia da “<strong>de</strong>mocratização<br />

racial” apresentada pela América Portuguesa, mostrando-a como<br />

exemplo <strong>de</strong> solução para os problemas advindos das relações sociais<br />

entre etnias diversas (em oposição à segregação racial <strong>de</strong> países como os<br />

Estados Unidos).<br />

Arthur Ramos, sempre preocupado com as origens das manifestações<br />

culturais, preconiza a expressão brasileira <strong>de</strong> um novo começo,<br />

baseado em novas origens, produto <strong>de</strong> uma síntese homogênia <strong>de</strong> várias<br />

etnias.<br />

O Manifesto antropófago, <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, ao propor uma<br />

nova cultura nascida da <strong>de</strong>glutição do inimigo, opunha-se à harmonia<br />

racial pacífica sugerida por Freyre e Ramos.<br />

Para Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, a diversida<strong>de</strong> racial apresenta-se como<br />

elemento renovador da cultura, <strong>de</strong>ixando um rastro significativo no nosso<br />

passado fundacional. Este, quando marcado por alguma diferença<br />

pon<strong>de</strong>rável, mestiça, ligava-se, consequentemente, ao mesmo <strong>de</strong>sejo<br />

Revista Volume LI.p65 146<br />

12/5/2009, 15:29

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