16.04.2013 Views

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

178 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

A beleza épica da gênese da consciência resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que a<br />

or<strong>de</strong>nação e a unificação da realida<strong>de</strong> se processam, agora, sob a égi<strong>de</strong><br />

universalizante do mundo ético. A consciência começa a se configurar<br />

como povo, ou seja, como universalida<strong>de</strong> ética, e é neste sentido que<br />

Hegel vai falar <strong>de</strong> um retorno da consciência a si mesma.<br />

Em nossa literatura, Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas, <strong>de</strong> João Guimarães<br />

Rosa, figura como um <strong>de</strong>stes textos inaugurais. Riobaldo Tatarana, o<br />

personagem-narrador, nos apresenta a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas vivências – o<br />

contexto vivido na jagunçagem do sertão – agora universalizadas no<br />

romance, em forma <strong>de</strong> conceitos e valores recriados através <strong>de</strong> sua<br />

narrativa alegórica.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que o texto rosiano incorpora o ethos no cosmos e é<br />

pela mediação <strong>de</strong>ste que a consciência adquire a universalida<strong>de</strong> ética. Em<br />

outras palavras: a particularida<strong>de</strong> da consciência narrativa <strong>de</strong> Riobaldo<br />

(Jagunço-narrador), inserida no contexto recriado do Cosmos-Sertão,<br />

atinge a epopéia <strong>de</strong> um Ethos Universal. O poeta-filósofo Riobaldo,<br />

vivendo o ócio <strong>de</strong> quem não “mói no asp’ro”, faz uma pausa,<br />

simbolizada pelos dois pontos [:] para contar, a partir das “Veredas”,<br />

aquilo que ele quer mostrar como “Gran<strong>de</strong> Sertão”, e que está em toda<br />

parte. O “Sertão” singular, lugar da existência contingente, torna-se<br />

“Gran<strong>de</strong> Sertão” (Cosmos, Universal), através da narrativa que reor<strong>de</strong>na<br />

e revaloriza o vivido e lhe dá sentido. Refaz-se, aqui, o movimento da<br />

dialética mostrada por Hegel, e que Guimarães Rosa muito bem<br />

simbolizou na frase que serve <strong>de</strong> epígrafe da obra: “o diabo na rua, no<br />

meio <strong>de</strong> re<strong>de</strong>moinho”.<br />

Revista Volume LI.p65 178<br />

12/5/2009, 15:29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!