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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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A Mãe-da-Lua (lenda do Vale do Baixo Paraopeba) __________________________________ Agripa Vasconcelos 241<br />

Serviria <strong>de</strong> escárnio, uma cana entre as mãos, e, feito rei, teria na<br />

coroa <strong>de</strong> espinhos a onipotência...<br />

E assim Jesus não mais voltou aos caminhos por on<strong>de</strong> viera.<br />

Todavia a Mãe-da-Lua espera... Se pergunta ao luar branco pelo<br />

caminhante, a si mesma repon<strong>de</strong> no <strong>de</strong>salento <strong>de</strong> um eco: “Foi! Foi,<br />

foi...”<br />

Nas noites alvas, aspergidas <strong>de</strong> luar, a ave – sozinha – procura na<br />

solidão dos campos uma árvore bem alta e geme pelo que não voltou. Em<br />

vão espraia os olhos pelas trilhas silenciosas. Depois <strong>de</strong> um apelo<br />

soluçado, espera atenta uma resposta... Voa para mais longe on<strong>de</strong> as<br />

fontes não murmurem e os ventos durmam! De novo escuta. Desmaia,<br />

porém, a lua na tremulina da manhã brumosa. Ninguém respon<strong>de</strong>... Sua<br />

voz é fraca e rouca; a lua não a vê <strong>de</strong> tão alto...<br />

Canta ainda na quietu<strong>de</strong> dos espigões! Olha se alguém passa no céu<br />

pela estrada <strong>de</strong> S. Tiago... Talvez numa <strong>de</strong>ssas noites claras a sua voz<br />

chegue, ao <strong>de</strong> leve, aos ouvidos do Peregrino...<br />

O céu é bem longe, mas a tristeza dos gemidos dilacerantes sobe<br />

<strong>de</strong>pressa pela escada do luar surpreen<strong>de</strong>nte ao sólio do mistério.<br />

Soluça e espera, MÃE-<strong>DA</strong>-LUA!<br />

<strong>DA</strong>DOS BIOGRÁFICOS<br />

Agripa <strong>de</strong> Vasconcelos nasceu em Matosinhos, Minas Gerais, em<br />

12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1896, e faleceu em Belo Horizonte, em 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

1969.<br />

Formou-se pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

<strong>de</strong>dicando toda a sua vida à Medicina, tendo trabalhado em diversas<br />

cida<strong>de</strong>s mineiras e em Recife, como médico-chefe do Banco do Brasil,<br />

até aposentar-se. Pertenceu à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Mineira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, para on<strong>de</strong> foi<br />

eleito em 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1921, ao Instituto Histórico e Geográfico <strong>de</strong><br />

Minas Gerais e ao Instituto Histórico <strong>de</strong> Ouro Preto. Deixou seis<br />

romances, formando a coleção Sagas do País das Gerais e as obras:<br />

Silêncio, Nós e o Caminho do Destino, Suor e Sangue (Prêmio Olavo<br />

Bilac, da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>), A Morte do Escoteiro Caio,<br />

Revista Volume LI.p65 241<br />

12/5/2009, 15:29

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