DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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Centenário <strong>de</strong> nascimento do Pe. Pedro Maciel Vidigal _____________ Côn. José Geraldo Vidigal <strong>de</strong> Carvalho 55<br />
literárias. A conversão do Classicismo no Humanismo data dos primórdios<br />
da Renascença, com Petrarca que foi arcediago da Igreja <strong>de</strong> Parma.<br />
Para mim, o verda<strong>de</strong>iro Humanismo não opõe a Cultura à Teologia.<br />
Numerosos católicos e eclesiásticos foram gran<strong>de</strong> humanistas”. 21.<br />
Sob sua caneta, ou melhor dizendo, sob as teclas <strong>de</strong> sua antiga<br />
máquina <strong>de</strong> datilografia, a formosa Língua Pátria, era como o mármore<br />
pentélico sob o cinzel <strong>de</strong> Fídias: aviventava-se, <strong>de</strong>slumbrando os seus<br />
leitores com suas formas peregrinas e locuções surpreen<strong>de</strong>ntes.<br />
Assim, por exemplo, ao falar das ativida<strong>de</strong>s agrícolas: “Tal a<br />
excelência da agricultura que, na antiguida<strong>de</strong>, havia enxadas coroadas e<br />
arados cobertos <strong>de</strong> lauréis, quando os Imperadores <strong>de</strong> Roma e Reis da<br />
Pérsia se gloriavam <strong>de</strong> lavradores, preferindo aos brocardos dos docéis<br />
a folhagem das árvores, e às iguarias das mesas dos palácios os frutos<br />
<strong>de</strong> sua lavoura. De Plínio esta afirmação: Os campos eram cultivados<br />
pelas mãos dos próprios imperadores – Ipsorum tunc manibus<br />
imperatorum colebantur agri ...” 22<br />
Estilista esvelto, escritor adamantino, literato <strong>de</strong> raro lume na frase<br />
e fogos do pensamento, o verbo do Pe. Pedro Maciel Vidigal <strong>de</strong>spe<strong>de</strong><br />
entoações largas, antíteses, rajadas subitâneas, imagens ciclópeas,<br />
inspirações transcen<strong>de</strong>ntes que o irmanam e i<strong>de</strong>ntificam com os maiores<br />
gigantes <strong>de</strong> nossa Literatura, como neste trecho sobre a ambição: “Este<br />
vício é companheiro inseparável da soberba a qual Santo Agostinho<br />
<strong>de</strong>finiu como sendo um apetite <strong>de</strong> perversa gran<strong>de</strong>za. Tão inseparável<br />
que é mais fácil encontrar o mar sem água, e o sol sem luz, que o<br />
soberbo sem ambição [...] Por mais que se dê ao ambicioso, ele sempre<br />
vive faminto. Sem autocrítica, tudo cuida que merece, e nada julga que o<br />
satisfaça. Os maiores prêmios lhe parecem pequenos, e são consi<strong>de</strong>rados<br />
como afrontosos a seus imaginários e fantásticos merecimentos. As suas<br />
aspirações não conhecem limites, parecendo com as chamas que tanto<br />
mais crescem quanto maior é o incêndio.” 23<br />
Como se po<strong>de</strong> perceber, apesar das cintilações <strong>de</strong> seu estilo ele<br />
transmite com eficiência o seu pensamento.<br />
D. José Carlos Lima Vaz, que foi bispo <strong>de</strong> Petrópolis notou esta<br />
peculiarida<strong>de</strong> ao escrever ao Pe. Pedro Vidigal: “Aprecio muito seu estilo<br />
Revista Volume LI.p65 55<br />
12/5/2009, 15:29