DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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212 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
um singular poeta brasileiro, não precisaria Armond socorrer-se <strong>de</strong> outro<br />
idioma. Ele o foi na sua língua materna, sem nenhum favor.<br />
A PERENE LIÇÃO DE WINCKELMANN<br />
Segundo a lição <strong>de</strong> Winckelmann, o esteta superado do século<br />
XVIII, a beleza grega se afirmava na nobre simplicida<strong>de</strong> e tranquila<br />
gran<strong>de</strong>za, tanto na atitu<strong>de</strong> como na expressão. Ainda que o não queiram<br />
muitos dos estetas da mo<strong>de</strong>rna inquietação, este cânon artístico é<br />
imperecível. A poesia <strong>de</strong> Armond, apesar <strong>de</strong> sombria na sua expressão,<br />
reflexo <strong>de</strong> um espírito assoberbado com os problemas do ser e do nãoser,<br />
da morte como re<strong>de</strong>ntora, <strong>de</strong>u-me a impressão <strong>de</strong> “nobre simplicida<strong>de</strong><br />
e tranquila gran<strong>de</strong>za”, como <strong>de</strong>sejava o esteta germânico.<br />
Ronald <strong>de</strong> Carvalho, um dos mais altos valores da geração <strong>de</strong><br />
Armond, proclamou: “Cria o teu ritmo livremente”; ao que Tristão <strong>de</strong><br />
Ataí<strong>de</strong>, alma <strong>de</strong> pedagogo, acrescentou: – Disciplina o seu ritmo<br />
livremente”. Com essas duas ferramentas, um bom estro po<strong>de</strong> chegar a<br />
ser um poeta como foi Honório Armond, nascido em 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />
1891, em Barbacena e ali sepultado a 21 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1958. Criatura<br />
<strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> extrema, <strong>de</strong>sambicioso <strong>de</strong> bens materiais, cético quanto as<br />
miragens do mundo, negador na or<strong>de</strong>m do espírito. Criou um clima<br />
poético <strong>de</strong> notável significado. Em sua obra aparenta um nihilista por<br />
sistema, <strong>de</strong>screvendo uma horrível paisagem interior, <strong>de</strong> morte sem<br />
remissão, do nada além da morte. Em seu tormento <strong>de</strong> artista, negou a<br />
vida, negou a glória, negou a Deus. Na existência ordinária <strong>de</strong> todos, foi<br />
um cidadão às direitas, um exemplar humano <strong>de</strong> rara nobreza. Como<br />
poeta, trouxe um mundo em si, não fosse ele o próprio criador <strong>de</strong><br />
cosmogonias.<br />
Chego ao fim com esta exclamação simples: Que gran<strong>de</strong> voz a <strong>de</strong><br />
Honório Armond! Sua obra não é numerosa, mas excelente, e nela <strong>de</strong><br />
modo cabal realizou a “Poiesis” e por que não dizer? também o “Epos” e<br />
o “Ethos”, como um miraculoso re-criador <strong>de</strong> estados <strong>de</strong> emoção e <strong>de</strong><br />
conduta. Que poeta magnífico ele o foi, sem favor.<br />
Revista Volume LI.p65 212<br />
12/5/2009, 15:29