DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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196 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
sonetos camonianos que iludiram até um camonista. Escolhendo Honório<br />
Armond, o eleitorado distinguiu um poeta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, alheio a qualquer<br />
grupo, mo<strong>de</strong>sto e orgulhoso em seu isolamento. Se houve ligeireza no<br />
processo, não a houve no resultado.”<br />
O que aconteceu é que Honório Armond foi sagrado Príncipe dos<br />
Poetas Mineiros pela maioria esmagadora <strong>de</strong> 12.763 votos, ao passo que<br />
Belmiro Braga, o segundo colocado, obteve 8.810; Abgar, com 6.946, em<br />
terceiro, e Augusto <strong>de</strong> Lima em quinto, com 5.913. E o próprio<br />
Drummond – ó ironia dos fados! – com 227. Entre inúmeros outros, foi<br />
também muito votado o nosso ilustre e querido Martins <strong>de</strong> Oliveira,<br />
homem hábil em vários instrumentos, diligente abelha <strong>de</strong> nossa colmeia.<br />
E o trono era duplo: com príncipe e princesa. Os jornais da época,<br />
agora consultados, nos mostram esta surpresa: como princesa das<br />
poetisas – Julinda Alvim. Quem será? A ilustre Henriqueta Lisboa em<br />
segundo lugar e a gran<strong>de</strong> Cecília Meireles em quarto! Efetivamente, o<br />
plebiscito, <strong>de</strong>cantado pelo jornal que o promoveu, <strong>de</strong>spertou vivo<br />
interesse não só em Minas, mas sensibilizou outros centros intelectuais<br />
como Rio e São Paulo, projetando o nome do poeta barbacenense no<br />
cenário brasileiro. Vários jornais <strong>de</strong> maior circulação e relevo no País<br />
estamparam artigos assinados e notícias <strong>de</strong>senvolvidas sobre o novo<br />
príncipe dos poetas. Só ele não se entusiasmou com o principado e o<br />
mesmo Carlos Drummond, com discreto humorismo, nos informa: – “...<br />
não se abalou <strong>de</strong> sua Barbacena para recolher o título. Nem para recolhêlo<br />
nem para realizar outras expedições lítero-pragmáticas, seja a Belo<br />
Horizonte seja ao Rio e assim converter a láurea abstrata em comodida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
carreira civil; professor <strong>de</strong> francês entre os cravos da serra era, professor<br />
ficou. E quando lhe comunicaram a eleição, agra<strong>de</strong>ceu em temos <strong>de</strong><br />
mineiro cético e <strong>de</strong>sconfiado, assinando-se “Honório Armond, Princeps<br />
Promptorum”...<br />
Apesar <strong>de</strong> jamais haver assumido ostensivamente a “pricipalitas”,<br />
as revistas e os jornais o cumulavam <strong>de</strong> elogios e pespegavam-lhe o<br />
título a<strong>de</strong>rido ao nome. Poemas seus, artigos <strong>de</strong> crítica, notícias,<br />
nada modificou o comportamento <strong>de</strong>sse arredio e <strong>de</strong>scrente cultor do<br />
inefável.<br />
Revista Volume LI.p65 196<br />
12/5/2009, 15:29