DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

O LIVRO DE
MARILDA TROPIA DE BARROS
Danilo Gomes*
Quem nasceu poeta, um dia, em geral, se revela; demora, hesita,
mas acaba retirando os poemas da gaveta e os entrega ao público; rendese
à necessidade de comunicação. É o que aconteceu com a advogada
Marilda Tropia de Barros. Na infância, fomos vizinhos em Mariana,
cidade onde nascemos. Conheci seus pais, Sr. João Tropia e D. Tita de
Castro Tropia. Fui amigo de infância de seu irmão Décio, personagem de
seu poema elegíaco “Morte intempestiva”. A consciência da morte, da
perda, da finitude da vida permeia outros de seus poemas, reveladores de
aguda sensibilidade, como “A morta” (inspirado em um conto de
Maupassant); “Thánatos”, “A morte de Maria Verona” (a mais bela das
meretrizes, musa dos boêmios), “Exéquias”, “Meus mortos”, “O suicida”,
“Exorcismo”, “Perdas e danos”.
Mas há os momentos solares, que tomam o lugar da melancolia e
da nostalgia, e é quando o coração celebra a vida, o passado gentil e de
amáveis lembranças. É o caso de “A terra natal”, “Melodia, harmonia e
ritmo”, “Na época do footing”, “Lembranças” (“e me veio o som
pungente/ do canto gregoriano, /tão belo, tão comovente,/que ouvia
antigamente.” A saudade, aqui, quase se torna um bálsamo.
* Jornalista, escritor. Da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 2.
Revista Volume LI.p65 77
12/5/2009, 15:29