DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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O autor! On<strong>de</strong> está o autor? _______________________________________________________ Pedro Paulo Cava 137<br />
choro, pausa, silêncio, palavra o espectador que se coloca diante da sua<br />
obra.<br />
Ainda é preciso acrescentar que ao autor teatral é fundamental o<br />
<strong>de</strong>sapego da sua obra <strong>de</strong>pois que é posta em cena; saber que será alterada<br />
pelos diretores, atores, cenógrafos e sentir nisso um prazer surpreen<strong>de</strong>nte<br />
a cada nova montagem <strong>de</strong> seu texto on<strong>de</strong> quer que ela se realize.<br />
O teatro é a arte da generosida<strong>de</strong> por excelência e princípio e ela<br />
começa pela capacida<strong>de</strong> do autor em se <strong>de</strong>scolar da sua escrita <strong>de</strong>pois que<br />
esta salta do papel para a cena.<br />
Se você escreve para o teatro ou para a cena <strong>de</strong> maneira geral<br />
(cinema, tv) é preciso confiar no coletivo que escolheu sua obra para que<br />
ela ganhe vida e emoção. Por isso mesmo contistas, cronistas, poetas,<br />
romancistas quase nunca gostam das adaptações <strong>de</strong> suas obras encenadas<br />
ou filmadas. Seu ofício <strong>de</strong> escritor é solitário e seu exercício <strong>de</strong><br />
visualização ao produzir uma obra fica confinado às pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu<br />
escritório, ao contrário da escrita dramática que se obriga a visualizar as<br />
imagens cravadas sobre o papel na boca e no movimento dos atores que<br />
as interpretam.<br />
A tudo isso chamamos <strong>de</strong> “carpintaria teatral”. Por esses e outros<br />
tantos motivos aqui não alinhados é que fica difícil escrever para a cena.<br />
E assim o autor teatral vai sumindo aos poucos dos palcos do mundo e<br />
dando lugar aos adaptadores, encenadores e a um novo conceito <strong>de</strong><br />
dramaturgia que chega ao terceiro milênio assumindo o posto <strong>de</strong><br />
“ditador” da cena, mas perdido em meio a tantas vertentes experimentais<br />
que transformam o ator em verda<strong>de</strong>ira cobaia <strong>de</strong> laboratório diante do<br />
<strong>de</strong>spreparo técnico <strong>de</strong>sse novo dramaturgo.<br />
O autor teatral anda <strong>de</strong>saparecido da cena, <strong>de</strong>vorado por “processos<br />
colaborativos”, antes chamados <strong>de</strong> “criação coletiva”, on<strong>de</strong> todos são<br />
autores, encenadores, atores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores,<br />
psicodramatistas, produtores, <strong>de</strong>senhistas, divulgadores e tantas outras<br />
funções específicas que o ofício teatral requer. Um traço também une<br />
estes novos dramaturgos pelo umbigo: falam para um pequeno público <strong>de</strong><br />
iniciados e fazem <strong>de</strong> sua individualida<strong>de</strong> o cerne do ato teatral, mesmo<br />
que chamem a isso <strong>de</strong> “colaboração entre amigos”.<br />
Revista Volume LI.p65 137<br />
12/5/2009, 15:29