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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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... primeiro, a frial<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong> sua criação mesma, que não é<br />

<strong>de</strong>sta, é <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as criações artísticas do sr. <strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong>. (...) São<br />

criaturas sem sangue as suas, antes criaturas <strong>de</strong> sangue frio, cuja<br />

existência nos chega à inteligência apenas, jamais <strong>de</strong>sce aos<br />

sentidos que afinal são as raízes. (BRANDÃO, 1966: 44)<br />

É um comentário inusitado, uma vez que as personagens cardosianas<br />

se marcam, justamente, pela <strong>de</strong>smedi<strong>da</strong>, pelo exagero que, às vezes,<br />

tangencia a caricatura, <strong>de</strong> sentimentos e conflitos internos. To<strong>da</strong>s vivem<br />

apaixona<strong>da</strong>mente seus dramas pessoais e o que lhes falta, muitas vezes, é<br />

justamente o equilíbrio racional para analisarem as situações em que se vêem<br />

envolvi<strong>da</strong>s.<br />

Como segundo ponto, Brandão aponta “as <strong>de</strong>ficiências verbais do autor”.<br />

Segundo o crítico, o tema exigia um tratamento lingüístico a<strong>de</strong>quado para estar<br />

à altura do que foi abor<strong>da</strong>do. Portanto, <strong>de</strong>saprovava<br />

O tratamento em “você” e respectivas variações pronominais, tão<br />

recomendável e necessário doutra natureza, in<strong>de</strong>sejáveis neste, cá<br />

abun<strong>da</strong>m neste “O Filho Pródigo”, on<strong>de</strong> tudo <strong>de</strong>veria ser “tu” e “vós”.<br />

O resultado é a quebra do tom. (BRANDÃO, 1966: 46)<br />

O terceiro ponto negativo seria o terceiro ato que, para ele, não está<br />

bem realizado. Termina sua análise recomen<strong>da</strong>ndo que <strong>Lúcio</strong> reescreva o<br />

texto. Quanto ao espetáculo em si, reclama <strong>da</strong> direção, elogia quatro atores<br />

(Aguinaldo Camargo, Ruth <strong>de</strong> Souza, Abdias do Nascimento e Haroldo Costa)<br />

e acha os <strong>de</strong>mais muito ruins.<br />

Contrapondo-se a Brandão, Gustavo Dória, na coluna intitula<strong>da</strong><br />

“Primeiras Teatrais”, no artigo “O Filho Pródigo, no Ginástico” 56 , consi<strong>de</strong>ra,<br />

como maior mérito do texto, o fato <strong>de</strong> ele ter apresentado um “inci<strong>de</strong>nte bíblico<br />

transposto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma interpretação e <strong>de</strong> uma linguagem fáceis, repleta <strong>de</strong><br />

simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e beleza”. Na sua opinião, não há <strong>de</strong>feitos no primeiro e segundo<br />

atos e os que ocorrem no terceiro não chegam a comprometer a peça. Elogia<br />

os cenários <strong>de</strong> Santa Rosa, embora observe que eles não <strong>de</strong>finem o ambiente<br />

e não situam como <strong>de</strong>viam o local. E faz, ain<strong>da</strong>, restrições à atuação dos<br />

atores e ao figurino.<br />

56 Artigo constante nos Arquivos do Autor, na Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.

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