Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

Lúcio Cardozo (sic) desconhecia totalmente a engrenagem teatral.
Ignorava como funcionava uma organização do gênero; até que
ponto poder-se-ia contar com os amadores e quais eram as
exigências habituais de um elemento profissional. Assim, pois,
enumerava o seu elenco ideal, misturando uns e outros, alguns pelo
valor, outros pela sonoridade que o nome oferecia, não escondendo
o seu entusiasmo por determinadas figuras como Alma Flora e Maria
Sampaio que, a seu ver, teriam que participar obrigatoriamente da
nova organização.
Era ele o dono da idéia, o mais ativo de todos. Estava por demais
animado, escolheu o nome Teatro de Câmera que, dizia, bem
retratava a idéia de recato que devia envolver o movimento...
(DORIA, 1975:124)
Segundo o Dicionário de Teatro, o “Teatro de Câmara” é “uma forma de
representação e de dramaturgia que limita os meios de expressão cênicos, o
número de atores e de espectadores, a amplitude dos temas abordados.”
(PAVIS, 2001:381). Seu melhor exemplo teria sido o “Teatro Íntimo” de
Strindberg – cuja obra Lúcio conhecia – e que era uma:
...reação a uma dramaturgia “pesada”, baseada na abundância do
pessoal artístico e técnico, na riqueza e na multiplicidade dos
cenários, na desmesurada importância do público no teatro à italiana,
no palco central ou no teatro de massa, nas freqüentes interrupções
dos entreatos e no aparato grandioso do teatro burguês. (PAVIS,
2001: 381-382)
Ainda segundo o Dicionário, Strindberg teria como objetivo no seu
“Teatro Íntimo”:
desenvolver, no drama, um assunto carregado de significado, porém
limitado. Evitamos expedientes, efeitos fáceis, tiradas brilhantes, os
números para estrelas. O autor não deve estar previamente
amarrado por nenhuma regra, o assunto é que condiciona a forma.
Portanto, liberdade completa... (STRINDBERG, Apud PAVIS, 2001:
382)
Diretriz semelhante guiava Lúcio Cardoso como ele expressa em
entrevista a Sábato Magaldi, “A propósito do ‘Teatro de Câmera’”, artigo que
consta do Arquivo do Autor e que está na Fundação Casa de Rui Barbosa. Não
constam nem a data nem o jornal onde o artigo foi veiculado. Diz Lúcio:
— O “Teatro de Câmera nasceu de um movimento em reação aos
“Comediantes” (sic), que naquela época dominavam o nosso cenário
teatral e haviam criado, como gênero absoluto o “grande espetáculo”,
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