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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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4- O repertório<br />

4.1- O Escravo:<br />

4.1.1- A Crítica<br />

64<br />

Para povoar este pequeno mundo, imagino seres duros e<br />

intratáveis – seres habitados <strong>por</strong> todos os crimes, <strong>por</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

re<strong>de</strong>nções. Suas paixões <strong>de</strong>vem ser impetuosas e eloqüentes,<br />

para que possam grifar, na sombra, o espectro <strong>da</strong> falta em<br />

consumação que, em última análise, é a alma soterra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

entregue a todos os po<strong>de</strong>res <strong>da</strong> <strong>de</strong>struição.<br />

<strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong>, Diário Completo<br />

... é realmente um escravo, todos os seus sentimentos estão<br />

aprisionados a uma forma inexistente. O que existe <strong>de</strong> real,<br />

nele, pertence à sua infância – e há muito que esta não<br />

existe mais.<br />

O Escravo<br />

Como foi exposto anteriormente, quando, em 1937, <strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong> se<br />

voltou para o teatro, era um autor cujos romances já tinham conhecido elogios<br />

e críticas, uma vez que sua primeira peça foi redigi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> publicação <strong>de</strong><br />

A Luz no Subsolo (1936). Segundo Regina Petrillo:<br />

Em A luz no subsolo, o autor mergulha em um estudo sobre o<br />

mistério do homem diante <strong>de</strong> Deus e <strong>da</strong> finitu<strong>de</strong> humana criando um<br />

clima <strong>de</strong> opressão e <strong>de</strong> pesa<strong>de</strong>lo no qual personagens trágicos<br />

expressam as visões <strong>de</strong>les mesmos e do mundo em combates<br />

tenebrosos nos limites <strong>da</strong> loucura e <strong>da</strong> morte. (PETRILLO, 2002: 72)<br />

O Escravo é her<strong>de</strong>iro direto <strong>de</strong>sse momento artístico <strong>de</strong> seu criador. No<br />

teatro, <strong>Lúcio</strong> encontrou uma área <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> artística cujas obras se<br />

mantinham afasta<strong>da</strong>s do viés regionalista e <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia social 30 e, talvez <strong>por</strong><br />

isso, lhe parecesse o palco a<strong>de</strong>quado para trazer à luz os conflitos em que<br />

mergulhara seus personagens. Partilhando do “clima <strong>de</strong> opressão e pesa<strong>de</strong>lo”<br />

“nos limites <strong>da</strong> loucura e <strong>da</strong> morte” <strong>de</strong>lineados no terceiro romance, O Escravo<br />

veio à cena em 04 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1943 e foi a primeira peça brasileira<br />

encena<strong>da</strong> pelo grupo “Os Comediantes”.<br />

Sobre sua estréia, <strong>Lúcio</strong> guardou alguns recortes <strong>de</strong> jornais <strong>da</strong> época<br />

que estão arquivados na Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

30 Ronaldo Lima Lins assinala que, embora haja exceções como “O pagador <strong>de</strong> promessas”, <strong>de</strong> Dias<br />

Gomes e “O auto <strong>da</strong> compa<strong>de</strong>ci<strong>da</strong>”, <strong>de</strong> Ariano Suassuna, o ciclo nor<strong>de</strong>stino não ocupa no teatro o mesmo<br />

espaço que já firmara nos romances. (LINS, 1979: 57).

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