Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

Passados muitos anos, esfriadas as paixões que acirraram as oposições
ideológicas que marcaram os anos 30 e 40 e desobrigados os intelectuais de
se filiarem a uma ou outra linha de expressão, a Crítica volta os olhos com
maior imparcialidade para a obra cardosiana.
Cavalcanti Proença, em seu livro Estudos Literários (1974: 210-215),
expõe em linhas gerais as características de Lúcio Cardoso, mais precisamente
de suas novelas, e desenvolve um comentário, um pouco mais pormenorizado,
sobre o primeiro romance do escritor. A respeito de Maleita, salienta a
presença do mistério, de imagens inesperadas e de algumas tendências
introspectivas ao lado de características naturalistas e de características
marcadas por influências modernistas como os períodos breves e a pontuação
abundante. O crítico não fala do teatro cardosiano.
Alfredo Bosi, em História Concisa da Literatura Brasileira (1992: 466-
469), coloca Lúcio Cardoso ao lado de outros autores intimistas. Diferente de
alguns críticos de A luz no subsolo, louva a escolha do autor por este caminho:
Lúcio Cardoso e Cornélio Pena foram talvez os únicos narradores
brasileiros da década de 30 capazes de aproveitar sugestões do
surrealismo sem perder de vista a paisagem moral da província que
entra como clima nos seus romances. A decadência das velhas
fazendas e a modorra dos burgos interioranos compõem atmosferas
imóveis e pesadas onde se moverão aquelas suas criaturas insólitas,
oprimidas por angústias e fixações que o destino afinal consumará
em atos imediatamente gratuitos (...) Lúcio não é um memorialista,
mas um inventor de totalidades existenciais. (BOSI, 1992:468)
Num comentário geral sobre a produção literária do autor, entre outros
aspectos, acentua a divisão da obra em dois momentos e a superação da
indefinição, que às vezes debilitava a estrutura das suas primeiras
experiências, atingida pelo autor no romance Crônica da Casa Assassinada.
Não detalha sua produção teatral, apenas cita, na bibliografia do autor, cinco
peças (O Escravo, A Corda de Prata, O Filho Pródigo, Angélica e O Coração
Delator – esta, apenas uma adaptação de Poe).
Outra obra que dá uma panorâmica geral da Literatura brasileira e inclui
a produção de Lúcio Cardoso é A Literatura no Brasil, organizada por Afrânio
Coutinho (1999: 445-457). No volume V, capítulo “O modernismo na ficção” e
subcapítulo IV - “Psicologismo e Costumismo”- Walmir Ayala reproduz trechos
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