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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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<strong>de</strong> Álvaro Moreyra e <strong>de</strong> Joracy Camargo, como se viu no segmento 2.2 <strong>de</strong>sta<br />

Tese. Contudo, as “peças <strong>de</strong> conversação” não eram uma solução para a<br />

impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do diálogo <strong>por</strong>que, se permitiam falas que dissertavam sobre o<br />

tema, elas não constituíam, <strong>de</strong> modo algum, um diálogo intersubjetivo entre as<br />

personagens nem aju<strong>da</strong>vam a superar as questões dialéticas em que<br />

pu<strong>de</strong>ssem estar envolvi<strong>da</strong>s.<br />

145<br />

Uma outra saí<strong>da</strong> para o impasse em que caiu o diálogo, segundo Szondi<br />

(2001), foi recorrer ao confinamento – solução que aparece em A casa <strong>de</strong><br />

Bernar<strong>da</strong> Alba (García Lorca) e Huis Clos (Sartre). O confinamento, explica<br />

Szondi ao analisar essa alternativa, obriga as personagens a falar forçando a<br />

superação <strong>da</strong> mu<strong>de</strong>z que o ensimesmamento causa:<br />

O discurso <strong>de</strong> um fere, no sentido literal <strong>da</strong> palavra, o outro, quebra<br />

seu confinamento e força à réplica. O estilo dramático, ameaçado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struição pela impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo, é salvo quando, no<br />

confinamento, o próprio monólogo se torna impossível e volta a<br />

transformar-se necessariamente em diálogo. (SZONDI, 2001:114)<br />

No entanto, é preciso consi<strong>de</strong>rar que o isolamento só se justifica no<br />

palco quando, traduzindo uma situação peculiar à vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s personagens, é<br />

<strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>stinos: <strong>por</strong> exemplo, no drama <strong>de</strong> Bernar<strong>da</strong> Alba que,<br />

viúva e cumprindo uma tradição familiar <strong>de</strong> luto, tranca-se em casa<br />

transformando-a numa prisão para si mesma e para as filhas.<br />

Diferente é a situação em que as personagens são encontra<strong>da</strong>s em<br />

confinamento graças a algum acontecimento anterior e que não lhes é<br />

característico, mas que se torna essencial para a sua apresentação <strong>dramática</strong>:<br />

“São obras cujo palco é constituído <strong>por</strong> uma prisão, <strong>por</strong> uma casa aferrolha<strong>da</strong>,<br />

um escon<strong>de</strong>rijo ou um posto militar isolado.” (SZONDI, 2001:117). A justificativa<br />

<strong>de</strong> tal estratégia refere-se a algum acontecimento anterior ao presente<br />

dramático, cuja origem acaba se esclarecendo graças a um procedimento<br />

ligado ao épico (narra-se o fato a um estranho recém-chegado, <strong>por</strong> exemplo).<br />

Tal como nas peças <strong>de</strong> conversação, a saí<strong>da</strong> do impasse dramático é mais<br />

aparente que efetiva:<br />

“Da artificiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tais medi<strong>da</strong>s pa<strong>de</strong>ce essa dramaturgia; os<br />

meios empregados com intuito <strong>de</strong> torná-la possível são numerosos

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