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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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Como se analisará adiante, não há um “local <strong>de</strong>finido” para ser situado.<br />

O texto não se pren<strong>de</strong> a problemas ou inquietações locais ou mesmo raciais,<br />

mas contempla, como percebeu Décio <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Prado, citado mais abaixo, a<br />

condição existencial <strong>da</strong>s criaturas envolvi<strong>da</strong>s no drama.<br />

Rosário Fusco concor<strong>da</strong> em parte com Brandão. Para ele, “Filho Pródigo<br />

não é, positivamente, uma gran<strong>de</strong> obra. Falta-lhe, antes <strong>de</strong> tudo, a resistência<br />

verbal necessária, imprescindível, como veículo <strong>da</strong> tragédia que preten<strong>de</strong><br />

carregar” (FUSCO, 1966: 48). Fusco afirma que, no drama, “a base frágil, o<br />

arranco inicial psicológico é uma mentira” e também ressalta a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

texto, ina<strong>de</strong>quado, segundo ele, para a representação teatral: “Eis <strong>por</strong> que ao<br />

T.E.N. pertence a glória <strong>de</strong>ssa representação. Seus intérpretes resistiram ao<br />

mau texto (mau, enquanto <strong>de</strong>stinado ao palco, excelente, em muitos trechos, à<br />

leitura repousa<strong>da</strong>)” (FUSCO, 1966: 51). E termina seu artigo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo que a<br />

arte <strong>de</strong>ve “<strong>de</strong>ve aspirar <strong>de</strong>volver-nos o que já sabemos, o que já<br />

experimentamos, mas sob uma forma diversa do ‘já visto’ e do ‘já sentido’...”<br />

(FUSCO, 1966: 52).<br />

Certamente, não haveria na<strong>da</strong> mais distante dos projetos estéticos <strong>de</strong><br />

<strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong> do que nos <strong>de</strong>volver o “já visto” e o “já sentido” sob nova forma.<br />

Sabe-se que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> A Luz no Subsolo, o Autor interessava-se justamente <strong>por</strong><br />

uma “segun<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>” “cuja existência nos apercebemos sem, entretanto,<br />

po<strong>de</strong>r atingi-la” como se po<strong>de</strong> ler no terceiro capítulo <strong>de</strong>sta Tese. Mas a<br />

expectativa do crítico fala do repertório a que se acostumara a assistir nos<br />

palcos brasileiros e marca a diferença, que venho tentando assinalar, entre<br />

essas peças e os dramas que <strong>Lúcio</strong> levava à cena.<br />

Accioly Neto concor<strong>da</strong> com os colegas que não apreciaram a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>dramática</strong> do texto: classificou o drama como “obra <strong>de</strong> poeta”, reafirmando que<br />

ele “não teve uma crítica inteiramente favorável” (ACCIOLY NETTO, 1966: 59).<br />

Já um crítico anônimo afirmou que a peça po<strong>de</strong>ria ser resumi<strong>da</strong> a dois<br />

atos pois tudo o que é dito no primeiro é repetido no segundo 57 . As<br />

personagens, segundo ele, são “iguais na maneira <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> dizer,<br />

nivelando-os, ocasionando monotonia prejudicial à obra”. Elogia os cenários <strong>de</strong><br />

57 Artigo intitulado “O Filho Pródigo pelo ‘Teatro Experimental do Negro’, no Ginástico” e colhido no<br />

Arquivo do Autor na Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.

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