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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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“Resulta então que os espetáculos <strong>da</strong> época também eram analisados <strong>de</strong><br />

acordo com esse padrão <strong>de</strong> valores.” (OGAWA, 1972:78) 22<br />

Voltando a Renato Vianna, também Décio <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Prado <strong>de</strong>staca<br />

que tanto Sexo quanto Deus lhe pague..., <strong>de</strong> Joracy Camargo, anteriormente<br />

analisado, foram “au<strong>da</strong>ciosas quanto ao conteúdo, mas não a ponto <strong>de</strong><br />

afugentar o público” (2003:25). Entretanto, em termos <strong>de</strong> renovação dos<br />

processos <strong>de</strong> dramaturgia, não houve praticamente nenhuma contribuição,<br />

sendo esses textos her<strong>de</strong>iros <strong>da</strong>s peças <strong>de</strong> tese do século anterior.<br />

Deus, outra peça <strong>de</strong> Renato Vianna, estreou dia primeiro <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

1935. Sobre ela, DÓRIA apenas comenta ser “excelente material para <strong>de</strong>bate”,<br />

calando sobre a recepção crítica. Quanto aos seus méritos artísticos, Magaldi<br />

reitera sua opinião:<br />

A ruin<strong>da</strong><strong>de</strong> do drama Deus (...) não fica atrás <strong>da</strong> <strong>de</strong> Sexo. (...)<br />

Não há uma criatura e uma situação ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira nesse emaranhado<br />

abstrato. Otávio é um vilão <strong>de</strong> melodrama, Roberto, um sábio<br />

convencional, Leonel, um padre <strong>de</strong> figurino, o entrecho não se<br />

<strong>de</strong>senvolve com base numa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> interior. Mas o pior <strong>de</strong> tudo<br />

é o mau gosto literário dos diálogos... (MAGALDI, 1997: 197-198)<br />

Neste drama, o professor Roberto Mac-Dowell, renomado pesquisador<br />

na área <strong>de</strong> psicologia, é casado pela segun<strong>da</strong> vez com Vera, tem uma filha<br />

(Sônia) que preten<strong>de</strong> casar com Otávio, seu assistente. Mora com eles d. Alice,<br />

a sogra do primeiro casamento e, no lugar do médico amigo do drama anterior,<br />

este apresenta padre Lionel com as mesmas características.<br />

O primeiro ato traz Vera confessando seu adultério a padre Lionel e sua<br />

gravi<strong>de</strong>z. Diferente <strong>de</strong> dr. Calazans, que sacrificara o filho <strong>de</strong> Cecy para salvar<br />

sua honra, o padre afirma que <strong>de</strong>ve poupar a criança, mesmo que isso<br />

signifique sua <strong>de</strong>sonra. E o tom religioso, que não era acentuado em Sexo, vai<br />

percorrer to<strong>da</strong> a peça:<br />

LEONEL: (...) Eis a inconsciência do século, a cegueira dos instintos,<br />

a força bruta <strong>de</strong> uma natureza sem Deus, <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sem<br />

moral ou <strong>de</strong> uma triste e ári<strong>da</strong> moral sem fé... (VIANNA, s/d:133)<br />

22 Há ecos <strong>de</strong>ssa postura, <strong>por</strong> exemplo, numa crítica que Pedro Bloch faz ao Escravo, <strong>de</strong> <strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong>,<br />

transcrita no segmento 3.3.1 <strong>de</strong>sta Tese.<br />

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