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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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Contrariando M.H, um crítico anônimo elogia a força do diálogo<br />

cardosiano capaz <strong>de</strong> pôr em cena a presença “invisível e perturbadora” <strong>de</strong><br />

Silas, o morto apenas referido pelas <strong>de</strong>mais personagens.<br />

Já Mario Nunes, em crítica publica<strong>da</strong> no Jornal do Brasil em 12 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1943 e reproduzido na edição <strong>da</strong> revista Dyonisos <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a “Os<br />

Comediantes”, consi<strong>de</strong>ra que <strong>Lúcio</strong><br />

... criou a história sombria que os três atos narram e ca<strong>da</strong> um dos<br />

seus personagens criou, sadicamente, a <strong>de</strong>sgraça interior,<br />

puramente imaginária em que ca<strong>da</strong> qual se <strong>de</strong>bate... E o auditório<br />

vive horas penosas, <strong>de</strong> profun<strong>da</strong> angústia (...), to<strong>da</strong>s elas [as<br />

personagens] <strong>de</strong> uma execrável neurose que as traz submeti<strong>da</strong>s ao<br />

fantasma <strong>de</strong> odiosa criatura morta há mais <strong>de</strong> meia déca<strong>da</strong>.<br />

(DIONYSOS, 1975:60)<br />

Apesar <strong>da</strong> má impressão, elogia os “formosos diálogos em que há<br />

conceitos profundos, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>de</strong>leite intelectual, principalmente para os<br />

estudiosos <strong>de</strong> psicanálise” (DIONYSOS, 1975:60) e chega a consi<strong>de</strong>rar o<br />

drama cardosiano uma “obra invulgar à luz <strong>da</strong>s doutrinas <strong>de</strong> Freud, a mais<br />

completa em teatro que entre nós já se escreveu” (DIONYSOS, 1975:60).<br />

Elogia ain<strong>da</strong> a interpretação dos atores, a direção <strong>de</strong> A<strong>da</strong>cto Filho e os<br />

cenários <strong>de</strong> Santa Rosa.<br />

No mesmo número <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> revista, Celso Kelly faz um comentário<br />

rápido sobre O Escravo, que também nomeia como tragédia. Acentua-lhe o<br />

“fundo dramático”, consi<strong>de</strong>ra-a “um tema magnífico para o exercício <strong>da</strong> arte<br />

<strong>dramática</strong> pelo que impõe ao intérprete” e assinala a atenção e o “calor dos<br />

aplausos” com que a platéia saudou o espetáculo – o que <strong>de</strong>smente, na sua<br />

opinião, o conceito generalizado <strong>de</strong> que o público brasileiro só se interessava<br />

<strong>por</strong> comédias ligeiras, “não quer[ia] pensar” e não apreciava teatro amador.<br />

(DIONYSOS, 1975:68)<br />

Gustavo Dória resumiu os posicionamentos sobre O Escravo<br />

assinalando que “muitos vislumbravam um texto fascinante, mas<br />

excessivamente hermético e falho no tratamento técnico” (DORIA, 1975: 90).<br />

Como se po<strong>de</strong> observar, o texto cardosiano causava dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para<br />

uma classificação formal – embora o próprio autor reconhecesse que sua peça<br />

era um drama – e esta dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> era aumenta<strong>da</strong> pelo olhar ain<strong>da</strong> conservador<br />

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