Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...
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inegável. Informa a edição <strong>de</strong> 1934 que o espetáculo teve duzentas e quarenta<br />
e três apresentações.<br />
Cafezeiro afirma que, antes <strong>de</strong> Oduvaldo Vianna, apenas Qorpo-Santo<br />
“ousara aproximar e mesmo intermediar sem apelo ao recurso <strong>da</strong>s sessões<br />
espíritas” (CAFEZEIRO, 1996:465) os limites fronteiriços <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e morte. O<br />
crítico prossegue aproximando Lainha e Alaí<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Vestido <strong>de</strong> noiva; Lainha e<br />
Olegário <strong>de</strong> A mulher sem pecado; e a re<strong>da</strong>ção do jornal on<strong>de</strong> trabalha Artur<br />
dos jornalistas também retratados <strong>por</strong> Nelson Rodrigues estabelecendo, nesse<br />
sentido, a influência <strong>de</strong> Vianna sobre Nelson. Assinala que, embora Vestido <strong>de</strong><br />
noiva também tenha o palco dividido em planos, esses são psicológicos e que<br />
os <strong>de</strong> Amor são “físicos”. Décio <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Prado <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong>sejo do autor<br />
“<strong>de</strong> livrar o teatro <strong>da</strong>s restrições costumeiras <strong>de</strong> tempo e espaço” (PRADO,<br />
2003:25).<br />
Outro autor que ganhou <strong>de</strong>staque nos palcos carioca na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 30<br />
foi Renato Vianna. Gustavo Dória, com um olhar generoso, ressalta sua<br />
atuação:<br />
Foi autor, intérprete e, principalmente, homem <strong>de</strong> teatro. Nas duas<br />
primeiras manifestações a sua passagem não lhe fez justiça. Como<br />
homem <strong>de</strong> teatro, <strong>por</strong>ém, como diretor <strong>de</strong> cena, como professor e<br />
sobretudo como teórico, ele só encontrou paralelo nas<br />
personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Álvaro Moreyra e, mais tar<strong>de</strong>, Santa Rosa.<br />
(DÓRIA, 1975:13)<br />
Em meio às suas lutas para fun<strong>da</strong>r o Teatro Escola com apoio do<br />
Governo Fe<strong>de</strong>ral e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Renato Vianna escreve, especialmente<br />
para esse empreendimento, a peça Sexo, que estréia em 29 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />
1934. Seu enredo focaliza uma família nobre, a do con<strong>de</strong> César. Casado com<br />
Van<strong>da</strong>, ele tem dois filhos do primeiro casamento, Carlos (que consi<strong>de</strong>ra Van<strong>da</strong><br />
“moralmente” sua mãe) e Cecy (que a chama <strong>de</strong> “mamãe Van<strong>da</strong>”). Em sua<br />
casa, moram ain<strong>da</strong> dona Amélia, sogra do primeiro casamento e João, seu<br />
irmão boêmio. Completam o elenco dr. Calazans, médico tão amigo <strong>da</strong> família<br />
que Cecy o chama <strong>de</strong> “papai Calazans” e Roberto, preten<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> jovem.<br />
O enredo, muito simples, gira em torno <strong>de</strong> lugares-comuns típicos <strong>de</strong><br />
folhetins românticos: Roberto, conhecido <strong>da</strong>s noita<strong>da</strong>s e transgressões <strong>de</strong><br />
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