Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...
Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...
Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Cafezeiro (1996) e Magaldi (1997) chegam a conclusões semelhantes<br />
sobre os autores e períodos anteriormente citados. Seus estudos vão além do<br />
século XIX e <strong>de</strong>bruçam-se também sobre os anos do século XX.<br />
Assinala Cafezeiro que o teatro no Brasil enfrentou um grave problema<br />
com a Primeira Guerra Mundial que impossibilitou o contato cultural com a<br />
Europa, especialmente a França, a que já nos havíamos habituado. Surgiram<br />
crises tanto econômica quanto cultural <strong>por</strong>que, constrangido a uma economia<br />
<strong>de</strong> guerra, o teatro passa a ser visto como supérfluo, acarretando a diminuição<br />
expressiva <strong>da</strong> platéia e o fechamento <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> números <strong>de</strong> casas <strong>de</strong><br />
espetáculos. Em conseqüência, o que chamei <strong>de</strong> teatro sério – que não era a<br />
preferência <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong> platéia – vai ter seu espaço ain<strong>da</strong> mais reduzido.<br />
Nesse período, os estudos citados <strong>de</strong>stacam nomes como Coelho Neto<br />
que cultivou, ao lado <strong>da</strong> comédia tradicional, <strong>da</strong> farsa, dramas com aspectos<br />
simbolistas. Nessa última categoria estão, <strong>por</strong> exemplo, Pelo Amor! “poema<br />
dramático em dois atos [que] (...) <strong>de</strong>ve tudo ao dramalhão <strong>de</strong>liqüescente”<br />
(MAGALDI, 1997:167), Saldunes que “não fica atrás na ruin<strong>da</strong><strong>de</strong>” (MAGALDI,<br />
1997:168); As estações e Ironia que se salvam do dramalhão <strong>por</strong> muito pouco;<br />
A Muralha “mostra-se mais séria e ambiciosa que as anteriores”, mas peca “no<br />
discursivo, na tira<strong>da</strong> e na grandiloqüência” (MAGALDI, 1997:169) e, <strong>por</strong> isso,<br />
não se salva. Também não se salva Neve ao sol, outro dramalhão. Um pouco<br />
melhor saiu “O Dinheiro” “apesar do cunho melodramático” (MAGALDI,<br />
1997:170). Definitivamente, a melhor parte <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> Coelho Neto “se<br />
inscreve na tradição cômica brasileira, tempera<strong>da</strong> <strong>por</strong> um intimismo <strong>de</strong><br />
pulsações líricas” (MAGALDI, 1997:178). Dos dramas, segundo este mesmo<br />
crítico, na<strong>da</strong> se aproveita.<br />
Também Cafezeiro e Magaldi <strong>de</strong>stacam a produção <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntista <strong>de</strong><br />
Goulart <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (Renúncia, Sonata ao luar, Depois <strong>da</strong> morte...) “cuja<br />
sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> se espraiou em alexandrinos <strong>de</strong> má <strong>literatura</strong>” (MAGALDI,<br />
1997:179); <strong>de</strong> João do Rio com sua A Bela Ma<strong>da</strong>me Vargas em que, não<br />
permitindo que o conflito entre um amor que termina e outro que se inicia<br />
aconteça a contento, confina a peça ao melodrama; Eva que, segundo Magaldi,<br />
29