13.05.2013 Views

Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

melhor nos aproveitarmos disso. Para o crítico, o texto se compõe <strong>de</strong> “um<br />

amontoado <strong>de</strong> frases feitas sobre a injustiça, a riqueza e a miséria, com uma<br />

superficiali<strong>da</strong><strong>de</strong> que tem caracterizado a maioria dos êxitos populares”<br />

(1997:203).<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>stas restrições, Magaldi lembra que a peça <strong>de</strong> Camargo<br />

teve o mérito <strong>de</strong> trazer para os palcos brasileiros, pela primeira vez, o nome <strong>de</strong><br />

Marx num tempo em que “A crítica à or<strong>de</strong>m burguesa correspondia a um<br />

anseio que se polarizaria, logo <strong>de</strong>pois, nos movimentos <strong>de</strong> esquer<strong>da</strong> e <strong>de</strong><br />

direita” (1997:201); <strong>de</strong> satirizar a filantropia <strong>da</strong>s <strong>por</strong>tas <strong>de</strong> igreja e <strong>de</strong> estruturar-<br />

se como um bate-papo “muito próximo do processo discursivo, com o bom-<br />

senso <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilar seus conceitos com vivaci<strong>da</strong><strong>de</strong> indolor” (1997:203), fato a que<br />

o crítico atribui o expressivo sucesso que a peça alcançou junto ao público e<br />

através <strong>de</strong> Procópio Ferreira.<br />

Como se po<strong>de</strong> observar, a partir <strong>da</strong>s transcrições e <strong>da</strong>s opiniões críticas,<br />

tratava-se <strong>de</strong> um enredo inofensivo. Apesar disso, no prefácio <strong>da</strong> obra,<br />

Magalhães Jr. informa que a peça “chegou a estar proibi<strong>da</strong> <strong>por</strong> algum tempo<br />

como subversiva, só com tremendo esforço vindo a ser posteriormente<br />

libera<strong>da</strong>” (CAMARGO, 1967).<br />

Gustavo Dória, lembrando que a aura heróica <strong>da</strong> Coluna Prestes já<br />

estava assumindo conotações <strong>de</strong> mito e ganhando a<strong>de</strong>ptos <strong>por</strong> todo país,<br />

inclusive nos meios intelectuais, assinalou que Deus lhe pague... “atendia,<br />

ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> maneira, ingênua, às tendências socializantes que se<br />

apo<strong>de</strong>ravam do nosso meio intelectual” (1976:40). Décio <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Prado vai<br />

acrescentar que “A duplici<strong>da</strong><strong>de</strong> do texto, cindido entre o seu marxismo <strong>de</strong><br />

superfície e o seu entranhado i<strong>de</strong>alismo, refletia com felici<strong>da</strong><strong>de</strong> as ilusões<br />

<strong>de</strong>sperta<strong>da</strong>s pela Revolução <strong>de</strong> 30 agra<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> (...) Jorge Amado (...) até<br />

Getúlio Vargas (...)” (2003:24)<br />

Também <strong>de</strong> 1933 é Amor, <strong>de</strong> Oduvaldo Vianna. Trata-se <strong>de</strong> uma sátira<br />

em três atos e trinta e oito quadros que começa com uma cena muito rápi<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong> lamento. Diz a rubrica:<br />

(Ouvem-se tiros. A seguir, um grito <strong>de</strong> mulher. Outro tiro. Abre-se a<br />

cortina do plateau n. 1. A parte exterior do vitral <strong>de</strong> uma casa. Ribalta<br />

apaga<strong>da</strong>. Luz interior, <strong>de</strong> maneira a projetar sobre os vidros apenas<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!