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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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observação superficial ou estrita <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi sob o impacto <strong>de</strong>ssas idéias<br />

que, um ano antes <strong>da</strong> entrevista, em 1937, <strong>Lúcio</strong> redigiu sua primeira peça<br />

teatral intitula<strong>da</strong> O Escravo. Conseqüentemente, não se po<strong>de</strong>ria esperar que<br />

seu drama seguisse enquadramentos realistas...<br />

Em 1938, <strong>Lúcio</strong> publica a novela Mãos vazias que também não merece<br />

boa recepção. Mário Cabral, <strong>por</strong> exemplo, em “Crítica” 27 afirma: “To<strong>da</strong> a<br />

narrativa é absur<strong>da</strong>, é psicologicamente <strong>de</strong>sequilibra<strong>da</strong>”, “... a heroína <strong>de</strong> <strong>Lúcio</strong><br />

<strong>Cardoso</strong> sofria <strong>de</strong> uma moléstia chama<strong>da</strong> em bom <strong>por</strong>tuguês, pouca<br />

vergonha.” “<strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong>, outrossim, é um péssimo estilista nas páginas<br />

<strong>de</strong>ssa novela” e contrasta esse novo texto com os dois primeiros romances<br />

que, efetivamente, elogia. Segundo ele, “o romance introspectivo matou, <strong>de</strong><br />

vez, o estilo <strong>de</strong>sse escritor”. Para provar sua posição, chega a contar quantas<br />

vezes e a apontar em quais páginas o autor repete as palavras “silêncio” e<br />

“escuridão” e semas a elas relacionados. Voltarei a essa obra quando analisar<br />

A Cor<strong>da</strong> <strong>de</strong> Prata, <strong>por</strong>que ambas apresentam uma temática semelhante.<br />

Insistindo nas novelas, em 1940 é a vez <strong>de</strong> O Desconhecido que não tem<br />

melhor recepção que sua antecessora.<br />

Em 1943, <strong>Lúcio</strong> vê monta<strong>da</strong> a peça que escrevera seis anos antes – O<br />

Escravo – e publica Dias perdidos, que também não suscita interesse no meio<br />

crítico. O autor, então, se <strong>de</strong>dica a montagem <strong>de</strong> uma companhia teatral, o<br />

“Teatro <strong>de</strong> Câmera” e a outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Cresce a sua produção teatral que,<br />

aliás, tem uma receptivi<strong>da</strong><strong>de</strong> talvez mais dura que a dos romances e novelas: A<br />

Cor<strong>da</strong> <strong>de</strong> Prata e O Filho Pródigo estréiam em 1947; Angélica é escrita em<br />

1945 e encena<strong>da</strong> em 1950.<br />

<strong>Lúcio</strong> também se aventurou pelo cinema, publicou outras novelas<br />

(Inácio, 1940; Anfiteatro, 1946; Professora Hil<strong>da</strong>, 1946; O enfeitiçado, 1954) e<br />

dois livros <strong>de</strong> poemas. Em 1959, finalmente, o escritor voltaria ao romance e<br />

publicaria Crônica <strong>da</strong> Casa Assassina<strong>da</strong>, que a maior parte <strong>da</strong> Crítica<br />

consi<strong>de</strong>ra sua obra-prima. Em 1962, sofre um <strong>de</strong>rrame cerebral que o impe<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> terminar O viajante. Não po<strong>de</strong>ndo mais escrever, continua a expressar-se<br />

através <strong>da</strong> pintura até sua morte, em 1968.<br />

27 Também constante do Arquivo do Autor, disponível na Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, sem<br />

especificação <strong>de</strong> fonte ou <strong>da</strong>ta.<br />

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