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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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conquistas posteriores”. A peça mantém um “vigor literário que não se abate do<br />

primeiro ao último diálogo” e isso mantém sua coesão (MAGALDI, 1997: 265).<br />

No artigo original 34 , Magaldi ain<strong>da</strong> observa que as personagens têm “dramas<br />

<strong>de</strong>masiado compactos” e que seus <strong>de</strong>stinos não conseguem ser totalmente<br />

encaixados na síntese que a peça exige “prejudicando a niti<strong>de</strong>z dos contornos”.<br />

Faz, também, restrições ao diálogo <strong>por</strong> serem constantes as evocações e<br />

referências feitas a acontecimentos passados e, <strong>por</strong> isso, “As falas adquirem,<br />

algumas vezes, certo tom <strong>de</strong>clamatório, além <strong>de</strong> não permitirem gran<strong>de</strong><br />

vivaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e presteza”. Ao redigir a versão do livro, assinala que ocorreram<br />

muitos erros na montagem <strong>da</strong> peça, o que impediu a avaliação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> do<br />

texto (MAGALDI, 1997: 165).<br />

A opinião <strong>de</strong> Magaldi sobre esse “pioneirismo” cardosiano não é<br />

unânime e, ao que parece, também não foi <strong>de</strong>finitiva. Na sua mais recente<br />

publicação, Mo<strong>de</strong>rna dramaturgia brasileira (2005), ele <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> lado as<br />

experiências <strong>de</strong> <strong>Lúcio</strong> para centrar suas análises do período apenas em Nelson<br />

Rodrigues. No mesmo sentido, a maioria dos críticos atribui a renovação do<br />

teatro nacional a Vestido <strong>de</strong> noiva, <strong>de</strong> Nelson Rodrigues, dirigido <strong>por</strong><br />

Ziembinski e que foi ao palco alguns dias <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> O Escravo.<br />

<strong>Lúcio</strong> chegou a testemunhar isso e ressentia-se com o fato:<br />

Admiro-me que o Sr. Tristão <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong>, tendo assistido à<br />

representação <strong>de</strong> peças minhas, conhecendo meu esforço para<br />

levantar o “Teatro <strong>de</strong> Câmara” e sendo a pessoa que é, omita tão<br />

cui<strong>da</strong>dosamente o meu nome, <strong>da</strong>tando esse novo esforço a partir <strong>de</strong><br />

Nelson Rodrigues e, finalmente, enumerando pessoas que me<br />

parecem inteiramente <strong>de</strong>stituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> valor. Ora, “O Escravo” é<br />

anterior ao “Vestido <strong>de</strong> Noiva” – e creio ter sido <strong>por</strong> intermédio <strong>de</strong> “O<br />

Filho Pródigo” que o Sr. Tristão <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong> tomou conhecimento do<br />

Teatro Experimental do Negro. (CARDOSO, 1970: 92)<br />

Entretanto, o próprio Autor registra em seu Diário, anos <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> estréia<br />

e lembrando <strong>da</strong>s discussões com Ziembinski, que “esse pobre drama não<br />

correspon<strong>de</strong>u ao muito que esperei <strong>de</strong>le (...) relendo agora alguns trechos,<br />

percebo suas <strong>de</strong>ficiências e todo o enorme fraseado que a entulha...”<br />

(CARDOSO, 1970:101-102)<br />

34 Obtido no Arquivo do Autor que está na Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

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