Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...
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<strong>de</strong> artigos <strong>de</strong> Otávio Tarquínio <strong>de</strong> Souza e Otávio <strong>de</strong> Faria. Esses autores<br />
perceberam que, já com o romance Salgueiro, <strong>Lúcio</strong> reagia ao “romance-<br />
re<strong>por</strong>tagem” ou “romance-documentário” cultivado pelos autores do Nor<strong>de</strong>ste.<br />
Tece, a seguir, um comentário mais ou menos <strong>por</strong>menorizado sobre os<br />
diferentes caminhos (poemas, novelas, cinema, contos infantis) e algumas<br />
obras do autor. Sobre as experiências no teatro, comenta:<br />
A experiência teatral, com algumas encenações, fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> um<br />
grupo, experiência <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação, cenografia e figurinos, não resultou<br />
melhor. Enfrentou <strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong>, no gênero teatral, a luta terrível do<br />
escritor que escreve para teatro, e tem que enfrentar o fantasma <strong>da</strong><br />
carpintaria teatral (AYALA, In: COUTINHO, 1999:452)<br />
Já Massaud Moisés, em seu livro História <strong>da</strong> Literatura Brasileira (1999,<br />
308-318), no volume <strong>de</strong>dicado ao Mo<strong>de</strong>rnismo, reafirma a ligação dos dois<br />
primeiros romances do autor mineiro com o romance social <strong>de</strong> 30, mas vê<br />
neles traços que distinguiriam o escritor dos “(neo)realistas” do tempo. Mais<br />
adiante, ressalta as quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos romances A Luz no Subsolo e Dias<br />
Perdidos e o caráter intimista, específico <strong>de</strong> <strong>Lúcio</strong>, em ambos os romances. Ao<br />
lado dos aspectos expostos acima, o crítico também <strong>de</strong>staca as notas <strong>de</strong><br />
surrealismo na ficção do escritor, afirmando que tais notas, assim como outras,<br />
situam a ficção <strong>de</strong> <strong>Lúcio</strong> em plena mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> que à margem <strong>da</strong><br />
estética <strong>de</strong> 22. Vê, <strong>de</strong>ste modo, a possível explicação para o ostracismo em<br />
que caiu o nome do autor após sua morte. Massaud Moisés não se <strong>de</strong>tém no<br />
teatro cardosiano, limitando-se a registrar, como bibliografia, suas quatro<br />
peças.<br />
O mais representativo estudo feito até hoje sobre <strong>Lúcio</strong> <strong>Cardoso</strong> foi<br />
<strong>de</strong>senvolvido <strong>por</strong> Mário Carelli cuja Tese <strong>de</strong> Doutorado resultou no livro Corcel<br />
<strong>de</strong> Fogo. O livro se ocupa <strong>da</strong> biografia do Autor, analisa sua trajetória <strong>de</strong><br />
escritor, diretor <strong>de</strong> cinema, dramaturgo e poeta. Analisa os dramas, os poemas,<br />
as novelas e os romances até centrar-se no que consi<strong>de</strong>ra sua obra-prima: a<br />
Crônica <strong>da</strong> casa assassina<strong>da</strong>.<br />
No capítulo sobre a produção <strong>dramática</strong> do escritor, Carelli <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a<br />
idéia <strong>de</strong> que “as peças <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s <strong>por</strong> <strong>Lúcio</strong> valem <strong>por</strong> sua problemática<br />
existencial, bem como <strong>por</strong> sua elaboração poética” (CARELLI, 1988: 88).<br />
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