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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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dos críticos <strong>de</strong> então. Consi<strong>de</strong>rando a situação do meio teatral brasileiro nas<br />

déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 30 e 40, já analisa<strong>da</strong> no segmento 2.2 <strong>de</strong>sta Tese, e os diferentes<br />

pontos-<strong>de</strong>-vista transcritos, torna-se possível avaliar o impacto que a peça<br />

causou suscitando opiniões <strong>de</strong>sencontra<strong>da</strong>s e reveladoras <strong>de</strong> uma visão ain<strong>da</strong><br />

conservadora no teatro em nosso meio.<br />

As críticas levaram <strong>Lúcio</strong>, em entrevista concedi<strong>da</strong> em 29 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1943 (menos <strong>de</strong> um mês <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> estréia e, <strong>por</strong>tanto, ain<strong>da</strong> no calor <strong>da</strong>s<br />

palavras), a se posicionar quanto à montagem <strong>de</strong> O Escravo. Embora<br />

incompleto, o artigo permite ler que o autor se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> <strong>da</strong> acusação, bastante<br />

repeti<strong>da</strong>, <strong>de</strong> que seu teatro não tem ação: “Exteriormente, o louvado teatro <strong>de</strong><br />

Piran<strong>de</strong>lo (sic) bem como o <strong>de</strong> Ibsen possue (sic) muito menos ação do que se<br />

presume.” Reconhece que há <strong>de</strong>feitos na peça, mas afirma que esses não<br />

foram apontados pelos críticos que, segundo ele, limitaram-se a repetir todos o<br />

que todos já haviam dito. Também ataca o público, segundo ele “viciado há<br />

anos, corrompido e mimado pelo que <strong>de</strong> pior existe em matéria <strong>de</strong> <strong>literatura</strong><br />

nacional. Não é nenhuma <strong>literatura</strong>, mas <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção.” E vangloria-se: “...<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> trabalho, tenho a rara glória <strong>de</strong> ser inimigo <strong>de</strong> todos os<br />

suplementos e revistas literárias do Brasil. Quem não quiser, não leia meus<br />

livros...”<br />

Não era, exatamente, o melhor meio <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r dos ataques<br />

recebidos ou <strong>de</strong> justificar suas escolhas e orientações artísticas. Mas a queixa<br />

<strong>de</strong> <strong>Lúcio</strong> quanto ao “<strong>de</strong>spreparo” do público juntava-se às vozes <strong>de</strong> tantos<br />

outros dramaturgos que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito lamentavam a preferência brasileira pelo<br />

mero entretenimento 32 . Apesar disso, a consi<strong>de</strong>rarmos as palavras <strong>de</strong> M.H. e<br />

<strong>de</strong> Celso Kelly, a platéia foi receptiva à encenação <strong>de</strong> O Escravo.<br />

A entrevista repercute tanto quanto (se não mais) que a peça. Em 01º <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1944, Pedro Bloch critica os espetáculos apresentados <strong>por</strong> “Os<br />

Comediantes” no Fon Fon e <strong>de</strong>clara sobre O Escravo:<br />

32 Cf: segmento 2.2 <strong>de</strong>sta Tese.<br />

Peça tenebrosa. Personagens tenebrosas. Ambiente tenebroso.<br />

Chuva e relâmpagos tenebrosos. Trevas, trevas e trevas. Angústia,<br />

angústia, angústia. Que quer dizer tudo isso? Que não quer dizer?<br />

Por que todo aquele drama? P’ra que tanto fraseado que na<strong>da</strong> diz?<br />

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