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Dramas da clausura: a literatura dramática de Lúcio Cardoso por ...

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124<br />

Como assinala Bessa, contemplando a alegria e a generosi<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />

que o Pai recebe o filho pródigo, Manassés percebe-se como um trabalhador e<br />

não como um filho, com os direitos <strong>de</strong> um her<strong>de</strong>iro (BRANDÃO, 1998:71). A<br />

volta <strong>de</strong> Assur põe em xeque o valor <strong>de</strong> sua obediência fiel <strong>de</strong> tantos anos:<br />

Ele fugiu <strong>de</strong> casa, Pai, divertiu-se e bebeu em to<strong>da</strong>s as tavernas,<br />

per<strong>de</strong>u tempo e <strong>de</strong>itou-se com to<strong>da</strong>s as mulheres – no entanto, é<br />

com ele que está o seu coração. (...)<br />

Mas a mim me <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nham <strong>por</strong>que sou simples e guardo os<br />

man<strong>da</strong>mentos. (NASCIMENTO, 1961:62)<br />

Tentando <strong>de</strong>sfazer o mal-estar, Selene distribui vinho entre os presentes<br />

e Aíla bebe em homenagem a Assur e “para que (...) possa <strong>da</strong>nçar como a<br />

Peregrina” (NASCIMENTO, 1961:63). Em segui<strong>da</strong>, saem o Pai com os<br />

escravos e <strong>de</strong>pois Manassés, ficando em cena Assur, Aíla, Selene e Moab.<br />

Conversam sobre a viagem empreendi<strong>da</strong> e a irmã revela que partirá com Moab<br />

naquela noite, que o estrangeiro virá buscá-los e que o Pai <strong>de</strong> na<strong>da</strong> sabe. O<br />

irmão aconselha-os a terem cui<strong>da</strong>do, mas ela afirma que está <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> a seguir<br />

seu <strong>de</strong>stino.<br />

Eles saem e, aproveitando a intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Aíla <strong>de</strong>clara-se para Assur e<br />

implora que a leve embora com ele. Ele respon<strong>de</strong> que Manassés nunca a<br />

<strong>de</strong>ixaria partir e ela pe<strong>de</strong>: “Então mata-o, Assur, mata-o <strong>por</strong> mim”<br />

(NASCIMENTO, 1961:65) e esten<strong>de</strong>-lhe um punhal que, afirma, a Peregrina lhe<br />

<strong>de</strong>ra dizendo que um dia ela precisaria <strong>de</strong>le para conquistar a liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assur<br />

se nega a fazê-lo e Aíla tenta seduzi-lo:<br />

rubrica:<br />

(enlaçando-o) Faça-o <strong>por</strong> mim, Assur, faça-o <strong>por</strong> mim, eu sou mais<br />

ar<strong>de</strong>nte e mais amorosa do que a mulher branca! Um minuto, um<br />

único instante <strong>de</strong> coragem, e não existirá mais na<strong>da</strong>... É como se<br />

fosse uma luz que o vento apagasse na campina.<br />

(...)<br />

(enlaçando-o ain<strong>da</strong> mais forte) Faça-o <strong>por</strong> mim, que o amo e o<br />

seguirei <strong>de</strong> joelhos até as planícies do mar. (NASCIMENTO, 1961:<br />

66)<br />

Assur pára <strong>de</strong> resistir e a peça sofre uma aceleração do tempo. Diz a<br />

(...) Escurece rapi<strong>da</strong>mente. Logo após uma luz vermelha e violenta<br />

ilumina a varan<strong>da</strong>. O reflexo <strong>de</strong>ssa luz é a única clari<strong>da</strong><strong>de</strong> que

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