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Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

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dito menos exigente, menos concentrado e linear, mais<br />

sensorial, menos culto.<br />

Diríamos, em conclusão desta ideia, que a chamada de<br />

atenção para o carácter visual da leitura pode servir para dar<br />

conta, não exactamente de um paradoxo, m<strong>as</strong> de um regime<br />

de concorrência entre o escrito e o icónico: se ler é uma forma<br />

de literacia visual, há que conservá-la intocável e superiorizála<br />

relativamente a outr<strong>as</strong> literaci<strong>as</strong> visuais, bem <strong>com</strong>o a outros<br />

modos de <strong>com</strong>unicação, <strong>com</strong>o o oral, que apen<strong>as</strong> ganha<br />

prestígio (enquanto forma culta de <strong>com</strong>unicação) em<br />

contextos muito claramente delimitados e reservados a uns<br />

quantos, <strong>com</strong>o os fora de ciência 13 .<br />

É a História, mais uma vez, que pode ajudar a explicar a<br />

origem deste estado de cois<strong>as</strong>. As cultur<strong>as</strong> que evoluíram<br />

para form<strong>as</strong> de escrita fizeram-no de um modo que, ao<br />

mesmo tempo que ia acentuando <strong>as</strong> virtualidades do scripto,<br />

ia desvalorizando ou enfeudando <strong>as</strong> imagens. Est<strong>as</strong><br />

p<strong>as</strong>saram a ser vist<strong>as</strong> simultaneamente <strong>com</strong>o inferiores<br />

(nomeadamente <strong>com</strong>o réplic<strong>as</strong> não-codificad<strong>as</strong>, não<br />

articulad<strong>as</strong> e de algum modo irracionais da realidade) e/ou<br />

<strong>com</strong>o simples meios de ilustração dos conceitos/textos<br />

verbais. As imagens não desaparecem do panorama<br />

representacional dess<strong>as</strong> sociedades que então,<br />

supostamente, se superiorizam, m<strong>as</strong> adquirem um estatuto de<br />

dupla subordinação: hierárquica e semântica. Entretanto, m<strong>as</strong><br />

no mesmo alinhamento, <strong>as</strong> sociedades que não evoluem para<br />

o modo escrito de representação p<strong>as</strong>sam a ser considerad<strong>as</strong><br />

primitiv<strong>as</strong>, e chama-se-lhes sociedades “orais”.<br />

Esta carga histórica explicará, pelo menos em parte, que<br />

<strong>as</strong> form<strong>as</strong> visuais de expressão (nomeadamente aquel<strong>as</strong> que<br />

designamos <strong>com</strong>o figurativ<strong>as</strong>, sejam ou não abstract<strong>as</strong>)<br />

13 Nestes, é frequente prever um tempo para debate (ao menos n<strong>as</strong><br />

intenções dos organizadores de tais encontros, nem sempre no desenrolar<br />

efectivo dos mesmos), onde a oralidade conquistará o espaço<br />

<strong>com</strong>unicacional dos discursos autorizados e prestigiados. Ainda <strong>as</strong>sim, ela<br />

deve produzir-se de um modo que não subverta a demarcação dos<br />

territórios do credível e os escalonamentos hierárquicos que lhe estão<br />

subjacentes.<br />

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