12.06.2013 Views

Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Seguindo ainda a reflexão de P. M. Frade sobre o modo<br />

de ser da fotografia durante o século XIX, e muito<br />

particularmente sobre o inesperado d<strong>as</strong> imagens que <strong>as</strong><br />

primeir<strong>as</strong> câmar<strong>as</strong> rudimentares (<strong>com</strong>o <strong>as</strong> de Henry Fox<br />

Talbot) captavam, encontramos acheg<strong>as</strong> para a<br />

fundamentação do que tem sido o nosso próprio percurso de<br />

interesse e descoberta sobre o tema do olhar. Como já<br />

dissemos, estamos menos preocupados em estabelecer<br />

diferenç<strong>as</strong> entre o olhar e o ver, do que em entender <strong>com</strong>o se<br />

constrói a relação <strong>com</strong> <strong>as</strong> imagens. Acreditamos, isso sim,<br />

que há uma sabedoria que esta relação pode conter, ou não.<br />

Como atrás referimos, nem sempre são actividades de<br />

escrutínio muito racionalizantes ou de desmontagem da<br />

imagem nos seus elementos sintáctico-semânticos e retóricos,<br />

aquilo que aprofunda a referida relação, o que<br />

verdadeiramente a estabelece.<br />

Há sem dúvida um factor de endereçamento da imagem<br />

a outr<strong>as</strong> que frequentemente ajuda a iluminá-la ou que, pelo<br />

menos, nos sossega face a ela: nesse c<strong>as</strong>o estamos perante<br />

uma “adequação do ver ao já visto” (Frade, ob.cit., p.70), que<br />

parece na verdade ser, em muitos c<strong>as</strong>os, importante para a<br />

construção do olho educado. Dumont não deixa de reflectir<br />

sobre o <strong>as</strong>sunto quando aborda a questão da semelhança (do<br />

reconhecimento da semelhança) enquanto “forma<br />

memorizada” (cf Dumont, 1994, p. 134). Em boa verdade, não<br />

é simplesmente uma questão de reconhecimento, m<strong>as</strong> uma<br />

questão de manutenção de um estatuto iconográfico segundo<br />

o qual a imagem se mantém controlada 24 .<br />

meio de e entre outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>: manter-se no meio de uma coisa e<br />

permanecer perto dela. M<strong>as</strong> para o interesse moderno apen<strong>as</strong> conta aquilo<br />

que é 'interessante'.<br />

A característica daquilo que é 'interessante' é que isso pode, já a partir do<br />

instante seguinte, ter-se tornado indiferente para nós e ser substituído por<br />

outra coisa, que nos diz tão pouco respeito <strong>com</strong>o a precedente.'“ (Heidegger<br />

apud Frade, 1992, pp. 15-16)<br />

24 Diz Frade, confrontando a novidade radical d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> fotografi<strong>as</strong><br />

(dependentes de um dispositivo mecânico que levava a crer que el<strong>as</strong> se<br />

faziam sozinh<strong>as</strong>) <strong>com</strong> aquilo que eram, e continuaram a ser em muitos<br />

outros c<strong>as</strong>os posteriores àquele invento, <strong>as</strong> realizações iconográfic<strong>as</strong>:<br />

324

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!