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Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

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aproximou - <strong>as</strong>sim nos af<strong>as</strong>tando - de todos os objectos de<br />

que há muito perdemos a sensibilidade necessária para nos<br />

apercebermos da sua mera presença.” (idem, p. 13)<br />

A aquisição de um hábito “de imagens” (que se faz<br />

a<strong>com</strong>panhar, nesta perspectiva, da aquisição simultânea de<br />

uma certa incapacidade de ver), a automatização de um olhar<br />

- que p<strong>as</strong>sou a querer-se rápido, fugaz, intermitente e<br />

desapaixonado ou desatento - processou-se num devir que<br />

tem sido marcado, no que ao mundo d<strong>as</strong> imagens diz<br />

respeito, pela quantidade e pela velocidade. A técnica não é<br />

obviamente estranha a este devir e os dispositivos de<br />

multiplicação, de m<strong>as</strong>sificação e de animação de imagens<br />

contribuíram decisivamente para a construção deste processo<br />

do olhar 22 (cf Calado, 2008).<br />

Alguns dos efeitos da proximidade que durante o último<br />

século se operou entre o homem e <strong>as</strong> imagens, foram<br />

desencadeados pela sua reproductibilidade (aludimos<br />

naturalmente ao texto fundador de Walter Benjamim,<br />

publicado em 1934). A quantidade de imagens daí resultante,<br />

que conduziu à sua m<strong>as</strong>sificação, democratização e<br />

laicização, destruiu a distância que nos separava del<strong>as</strong> e,<br />

mais ainda, pôs em causa a sua “aura”.<br />

É um novo <strong>as</strong>pecto dessa proximidade que agora<br />

pretendemos evidenciar, integrando-o na temática da<br />

educação do olhar: ele imputa à mesma destruição da<br />

distância o n<strong>as</strong>cimento de uma relação aparentemente fácil,<br />

aparentemente fluida, e finalmente desinteressada (ou, no<br />

mínimo, interessante), <strong>com</strong> <strong>as</strong> imagens. Trata-se, até certo<br />

ponto, de um processo paradoxal, pois a proximidade<br />

(<strong>as</strong>sociada a uma certa forma de des-inter-esse) deixa-nos à<br />

superfície, retira-nos do âmago 23 .<br />

22 A questão da importância d<strong>as</strong> aparelhagens óptic<strong>as</strong> e perceptiv<strong>as</strong> na<br />

modelação da cultura e da relação dos indivíduos <strong>com</strong> os objectos dessa<br />

cultura seria um sub-tema incontornável a propósito deste outro que o<br />

presente texto aborda, não fosse o <strong>as</strong>sunto ter de circunscrever-se aos<br />

limites de uma exposição que é, naturalmente, contida.<br />

23 A expressão desta ideia é qu<strong>as</strong>e decalcada da reflexão de Frade, por sua<br />

vez fortemente inspirada em Heidegger: “'Inter-esse quer dizer: estar no<br />

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