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Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

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d<strong>as</strong> imagens fotográfic<strong>as</strong>, em geral, <strong>com</strong>o de “puros registos<br />

do real” (Barthes, 1964b). Alfred Stieglitz, no início do século,<br />

era já peremptório a este respeito: “As minh<strong>as</strong> fotos n<strong>as</strong>cem<br />

sempre de uma necessidade interior. Não faço ‘pictures’...<br />

Tenho uma visão da vida e tento encontrar equivalentes para<br />

ela sob a forma de fotografi<strong>as</strong>. É por causa de uma falta de<br />

visão interior entre aqueles que fotografam que há realmente<br />

muito poucos fotógrafos.” (Stieglitz apud Walther, 1998, p.621)<br />

M<strong>as</strong> afirmar que tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> imagens (dos desenhos às<br />

fotografi<strong>as</strong>) p<strong>as</strong>sam por uma 'mentalização' (prévia) do<br />

percebido parece-nos igualmente excessivo. Ter da imagem<br />

esta última concepção genérica é, concretamente, esquecer<br />

<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> de produção visual que ocorrem de um modo<br />

inconsciente.<br />

Existem imagens, aliás, que se fazem por intervenção de<br />

uma técnica que, até um certo ponto, exige um fazedor não<br />

activo, alguém que usa essa técnica e nesse sentido produz a<br />

imagem, sem no entanto ter a consciência clara daquilo a que<br />

está a dar forma; <strong>com</strong>o se a produção da imagem, nestes<br />

c<strong>as</strong>os, anex<strong>as</strong>se um sujeito e um olhar que não se envolvem<br />

nela directamente (ou activamente, ou dominantemente) 16 .<br />

Há na verdade um momento histórico (o da emergência<br />

da fotografia) em que nos vemos obrigados a interrogar o<br />

sentido do olhar: olhar é dominar o objecto <strong>com</strong> um conjunto<br />

de conhecimentos (designadamente os que resultam da<br />

aprendizagem do desenho) que o redimensionam,<br />

intelectualizando-o? Ou olhar é também deixar-se contaminar<br />

pelo espanto de encontrar <strong>as</strong> imagens produzid<strong>as</strong> –<br />

naturalmente através de instrumentos capazes de captarem<br />

os contornos dos objectos que lhes servem de referência -<br />

pelos próprios objectos, pela Natureza ela mesma que se<br />

16 Possuímos alguns relatos de experiênci<strong>as</strong> deste tipo vivid<strong>as</strong> pelos<br />

primeiros fotógrafos, que justamente pela sua vivência se sentiam af<strong>as</strong>tados<br />

de toda a tradição do desenho e d<strong>as</strong> representações mais ou menos<br />

mecanizad<strong>as</strong> que lhes tinham sido anteriores, <strong>as</strong> quais, provenientes<br />

nomeadamente do Ren<strong>as</strong>cimento e do seguimento d<strong>as</strong> leis da perspectiva<br />

na produção de imagens pelos conhecedores da arte de bem desenhar,<br />

vêm a prolongar-se n<strong>as</strong> camer<strong>as</strong> lucid<strong>as</strong>.<br />

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