12.06.2013 Views

Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que “depois de morta foi rainha”. Álvaro Magalhães, por seu<br />

turno, decide-se por Romance de Pedro e Inês, título que<br />

remete, à partida, para uma história de amor bem sucedida<br />

pois a isso nos habituou a ficção para os mais jovens. M<strong>as</strong><br />

quem conhece Álvaro Magalhães sabe, também, da<br />

capacidade de humor subversivo da sua escrita; percebe<br />

quanto esse título é aberto, potenciador de múltipl<strong>as</strong><br />

surpres<strong>as</strong>, e que ele não remete, obrigatoriamente, para o<br />

final feliz da praxe. M<strong>as</strong> lá iremos…<br />

Comecemos, então, pelo conto de José Jorge Letria, O<br />

Amor de Pedro e Inês. Nesta narrativa breve, o narrador opta<br />

por uma sucessão linear do tempo histórico, desvelando, aos<br />

poucos, <strong>as</strong> vid<strong>as</strong> de Pedro e Inês. Trata-se de um narrador<br />

<strong>com</strong>p<strong>as</strong>sivo que intercala, no tempo da História de Portugal<br />

em que viveram D. Pedro e D. Inês, reflexões e lamentos<br />

carregados de uma fragilidade solidária <strong>com</strong> o percurso mítico<br />

dos amantes. Esses pensamentos e esses queixumes, que<br />

iniciam e encerram o livro e que se disseminam ao longo dele<br />

<strong>com</strong>o leit-motiv, têm <strong>com</strong>o cenário <strong>as</strong> não menos mític<strong>as</strong><br />

Quinta d<strong>as</strong> Lágrim<strong>as</strong> e a sua fonte, jói<strong>as</strong> em pedra, símbolos<br />

do amor em Portugal.<br />

De que cor é a tinta d<strong>as</strong> lágrim<strong>as</strong>? É da cor da água,<br />

do sal e da alma, o que quer dizer que não tem cor ou é da<br />

cor neutra do sofrimento e da saudade. Há lágrim<strong>as</strong> <strong>as</strong>sim, e<br />

até se diz que jorram, abundantes e tristes, de uma fonte que<br />

existe na Quinta d<strong>as</strong> Lágrim<strong>as</strong>, em Coimbra, palco do trágico<br />

amor que juntou Pedro e Inês, na vida <strong>com</strong>o na morte. 7<br />

Assim <strong>com</strong>eça o narrador.<br />

E, no final, ele mistura <strong>as</strong> su<strong>as</strong> lágrim<strong>as</strong> <strong>com</strong> <strong>as</strong><br />

lágrim<strong>as</strong> dolorid<strong>as</strong> de “um poeta esquivo e impalpável <strong>com</strong>o<br />

<strong>as</strong> sombr<strong>as</strong> que pergunta, rimando […]:” 8<br />

7 J. J. L., p. 9.<br />

8 J. J. L., p. 38.<br />

362

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!