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Diálogo e Comunicação Intercultural. A Educação com as - Inicio ...

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paisagem semiótica, e bem <strong>as</strong>sim a da sua “qualidade”<br />

(conceito para cujo esclarecimento tivemos oportunidade de<br />

contribuir, cf Calado 2000), necessitam que nos coloquemos<br />

perante el<strong>as</strong> <strong>com</strong> alguma perspectiva de domínio. Esta<br />

perspectiva sustenta, em grande medida, a ideia de que a<br />

nossa relação <strong>com</strong> <strong>as</strong> imagens p<strong>as</strong>sa pela capacidade de <strong>as</strong><br />

ler e de apreender nel<strong>as</strong> um sentido. A óptica psicanalítica de<br />

Serge Tisseron (1998) advoga, para <strong>as</strong> imagens, a<br />

necessidade dessa leitura. Ainda <strong>as</strong>sim, poderíamos dizer que<br />

a leitura d<strong>as</strong> imagens a que este investigador se dedica (e que<br />

cobrem um v<strong>as</strong>to leque, que vai dos desenhos à publicidade,<br />

banda desenhada, fotografia, cinema, televisão,<br />

<strong>com</strong>putadores e jogos vídeo) p<strong>as</strong>sa fundamentalmente pela<br />

insistência no acto de ver.<br />

Pois bem, a segunda ideia que gostaríamos de<br />

apresentar neste artigo, dedicado à literacia visual, é a de que<br />

se torna fecundo pensar na leitura de imagens <strong>com</strong>o um acto<br />

de ver, e ver de novo. Um pouco à semelhança do que dizia<br />

Borges, a propósito dos livros e da leitura: “Aliás, o que<br />

importa não é ler, m<strong>as</strong> reler.” (Borges, 1975, p. 100). Em<br />

particular para cert<strong>as</strong> fotografi<strong>as</strong> e obr<strong>as</strong> pictóric<strong>as</strong>, a<br />

capacidade de insistir e ver de novo pode ser determinante<br />

para a captação de um sentido. Não é por ac<strong>as</strong>o que Joseph<br />

Koudelka diz, da sua arte: “A maior parte de meu trabalho<br />

consiste em procurar, voltar atrás, explorar, escutar,<br />

fotografar, observar <strong>as</strong> minh<strong>as</strong> fotografi<strong>as</strong>, e depois repetir<br />

tudo.” De igual modo Freud, a propósito de Charcot: “.... tinha<br />

um temperamento artístico inato – <strong>com</strong>o ele próprio dizia era<br />

um ‘visuel’, um observador... Estava habituado a olhar uma e<br />

outra vez para <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> que lhe eram in<strong>com</strong>preensíveis,<br />

deixando que a sua impressão se infiltr<strong>as</strong>se nele dia-a-dia até<br />

que subitamente <strong>as</strong> <strong>com</strong>preendesse.” (Freud apud Jones,<br />

1948, p. 10-11)<br />

Não sendo exactamente da mesma ordem do “ver e<br />

rever” de Tisseron, a observação aqui anotada aponta<br />

sobretudo para um acto de atenção que integra a atitude<br />

contemplativa. Trata-se de um olhar que espera e que<br />

permanece retido pela força de uma expectativa: a<br />

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