HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
sabemos que o trabalho existe e que o sujeito consegue domar e dobrar o ferro a seu<br />
modo. Portanto, mesmo que não seja a mão controladora do poema anterior que forja o<br />
ferro, a ação de “forjar” por si só já é domadora. Por isso, nas duas últimas estrofes, o<br />
poema assume o tom didático de ensinamento dos outros textos. Se antes a lição foi<br />
aprendida pela pedra, no espaço-sertão do Nordeste; ou pelo toureiro, pressionado nas<br />
arenas espanholas; agora a lição vem do ferrageiro, que ensina o poeta a fazer a sua flor.<br />
3.3. A RECORRÊNCIA A MITOS, A TEMAS E A ESPAÇOS ESPANHÓIS<br />
Quanto à recorrência a mitos, a temas ou a espaços espanhóis, a obra que inaugura<br />
esses modos de intercursos com a Espanha é novamente Paisagens com figuras. O segundo<br />
poema do livro, “Medinaceli” recupera a “Terra do provável do autor anônimo do Cantar<br />
de Mio Cid”, como anuncia o poeta entre parêntese, antes da primeira estrofe do poema.<br />
Através da descrição, os versos das cinco estrofes iniciais localizam a cidade, no tempo em<br />
que eram celebradas as suas conquistas:<br />
Do alto de sua montanha<br />
numa lenta hemorragia<br />
do esqueleto já folgado<br />
a cidade se esvazia.<br />
Puseram Medinaceli<br />
bem na entrada de Castela<br />
como no alto de um portão<br />
se põe um leão de pedra.<br />
Medinaceli era o centro<br />
(nesse elevado plantão)<br />
do tabuleiro das guerras<br />
entre Castela e o Islão,<br />
entre Leão e Castela,<br />
entre Castela e Aragão,<br />
105