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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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“ver o acontecido sem nenhuma barreira e sem as ambigüidades próprias do ficcional”<br />

(SUSSEKIND, 1984, p.101).<br />

Entendemos que, embora o poeta pernambucano seja obcecado pela organização<br />

lógica do poema, pela precisão geométrica de seu discurso e eleja os “olhos”, desde os seus<br />

primeiros poemas, como o sentido privilegiado no processo de percepção da realidade, não<br />

há em sua poesia o objetivo de fixar, sem ambigüidades, impressões que pareçam ‘tais e<br />

quais’ às concepções do leitor de nação, cultura e verdade, como confirma Sussekind em<br />

relação à vertente naturalista brasileira.Como ressalta Herrera, o universo poético de João<br />

Cabral “é, pois, construído no intuito de dar a ver uma realidade que nela mesma está<br />

contida” (HERRERA, 1995, p.157), remetendo-nos às palavras de Tzvetan Todorov<br />

(1986):<br />

Não se deve ceder à ilusão representativa que, durante muito tempo, contribuiu<br />

para ocultar esta metamorfose: não há, em primeiro lugar, uma determinada<br />

realidade, e depois a sua representação pelo texto. O dado é texto<br />

literário.(TODOROV, 1986, p.42)<br />

Em virtude disso, já em Pedra do sono (1940) 34 , parece haver uma perspectiva<br />

fenomenológica na construção das primeiras imagens poéticas apresentadas, como<br />

mostraremos no segundo capítulo desta tese. Por essa razão, tentamos relacionar a<br />

objetividade de João Cabral também à perspectiva da inteligência estética.<br />

1.4. O RACIONALISMO ESTÉTICO <strong>DE</strong> JOÃO CABRAL <strong>DE</strong> MELO NETO<br />

Tomando depoimentos de João Cabral, desde o início da publicação de sua obra e os<br />

seus ensaios críticos, percebemos que a concepção que o autor tem de objetividade em arte<br />

34 Primeira coletânea em que João Cabral reúne poemas escritos em sua adolescência em Pernambuco.<br />

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