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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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com a figura desafiante<br />

de suas estátuas acesas.<br />

Todavia, não é uma estátua imóvel. Como todas as outras imagens, essa também é<br />

resultante de um processo dinâmico: a primeira estátua, a do começo da dança, desafia<br />

pelo que é internamente e o que pode mostrar exteriormente, já a segunda estátua, a do<br />

final da dança, desafia pelo que a assistência possa perceber dela. Uma e outra são imagens<br />

acesas, latentes, que, embora registradas no poema enquanto figuras estáticas, estátuas,<br />

proliferam significações. Se a dança se metamorfoseia em livro, a bailadora passa a<br />

“espiga”. O mineral passa a vegetal que amadurece. A idéia de maturação, também<br />

resultante de um processo de contigüidade da coloração dos grãos, retoma a idéia do<br />

“fogo”:<br />

Na sua dança se assiste<br />

como ao processo da espiga:<br />

verde, envolvida de palha;<br />

madura, quase despida.<br />

Parece que sua dança<br />

ao ser dançada, à medida<br />

que avança, a vai despojando<br />

da folhagem que a vestia.<br />

Não só da vegetação<br />

de que ela dança vestida<br />

(saias folhudas e crespas<br />

do que no Brasil é chita)<br />

mas também dessa outra flora<br />

a que seus braços dão vida,<br />

densa floresta de gestos<br />

a que dão vida a agonia.<br />

Na verdade, embora tudo<br />

aquilo que ela leva em cima,<br />

embora, de fato, sempre,<br />

continui nela a vesti-la,<br />

parece que vai perdendo<br />

a opacidade que tinha<br />

e, como a palha que seca,<br />

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