HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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Sua ponta já rombuda<br />
tanto chumbo não rompe.<br />
Tanto chumbo como o que cobre<br />
todas as coisas aqui fora.<br />
Já agora Pernambuco<br />
é o que coube a memória.<br />
Já para encontrar Pernambuco<br />
o melhor é fechar os olhos<br />
e buscar na lembrança<br />
o diamante ilusório.<br />
É buscar aquele diamante<br />
em que o vi se cristalizar,<br />
que rompeu a distância<br />
com dureza solar;<br />
refazer aquele diamante<br />
que vi apurar-se cá de cima,<br />
que de lama e de sol<br />
compôs luz incisiva;<br />
desfazer aquele diamante<br />
a partir do que o fez por último,<br />
de fora para dentro,<br />
da casca para o fundo,<br />
até aquilo que, por primeiro<br />
se apagar, ficou mais oculto:<br />
o homem, que é o núcleo<br />
do núcleo de seu núcleo.<br />
(MELO NETO, 1986, p.136-41)<br />
Assim, por meio do distanciamento do objeto observado, o poeta refaz a paisagem<br />
vista inicialmente e, como propõe Juan Gris, consegue ver Pernambuco “Da lente avião”<br />
pois “ é de lá “que podia/ pintar sua natureza:/ com o azul da distância/ que a faz mais<br />
simples e coisa.”.(MELO NETO, 1986, p. 62)<br />
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