HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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para quem torce a avenida devassada<br />
e enfia o embainhamento de um atalho,<br />
para quem quer, quando fora de casa,<br />
seus dentros e reguardos de quarto.<br />
(MELO NETO, 1986, p.36)<br />
Apaixonado pelas ruas, pela luz, pelo clima da cidade, o poeta capta a atmosfera<br />
romântica de Sevilha, através de recortes sensoriais, mediados pelo olho, toque e gosto.<br />
Sobre sua paixão por Sevilha, escreveu “Sevilhizar o mundo”:<br />
Como é impossível, por enquanto,<br />
civilizar toda a terra,<br />
o que não veremos, verão,<br />
de certo, nossas tetranetas<br />
infundir na terra esse alerta,<br />
fazê-la uma enorme Sevilha,<br />
que é a contra-pelo, onde uma viva<br />
guerrilha do ser, pode a guerra.<br />
(MELO NETO, 1997, p.366)<br />
Vale ressaltar que Sevilha é cenário para três das mais famosas óperas da história.<br />
Carmen, de Georges Bizet, a cigana destruidora de corações, funcionária da fábrica de<br />
tabacos da cidade; de o Barbeiro de Sevilha, que cantava nas praças do Bairro de Santa<br />
Cruz e Don Juan, de Tirso de Molina, que percorria as estreitas ruas em busca de suas<br />
vítimas. Quaderna (1956-1959) é o livro em que a imagem da cidade de Sevilha é<br />
apresentada também como símbolo do aconchego e da sensualidade do mundo e da mulher:<br />
Sevilha<br />
§A cidade mais bem cortada<br />
que vi, Sevilha;<br />
cidade que veste o homem<br />
sob medida.<br />
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