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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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Nesse sentido, as idéias contidas, “neste vigoroso livro-manifesto”, são “em defesa de um<br />

meio ambiente construído com vistas não apenas ao homem empreendedor mas<br />

principalmente ao homem estético.” Desse modo, as palavras citadas por João Cabral<br />

pertencem ao contexto da descrição de uma experiência estética em arte, como podemos<br />

observar no trecho a seguir:<br />

Vocês usam pedra, madeira e concreto, e com esses materiais constroem casas e<br />

palácios, isso é construção.A inventividade está em ação. De repente, porém,<br />

vocês tocam meu coração, fazem-me bem; fico feliz, e digo: “Isso é bonito”. Isso<br />

é Arquitetura. Existe a participação da arte. Minha casa é prática. Agradeço a<br />

vocês, como poderia agradecer aos engenheiros ferroviários ou ao serviço<br />

telefônico. Vocês não tocaram meu coração.Mas suponhamos que as paredes se<br />

elevem aos céus de um modo que me deixe emocionado. Percebo suas intenções:<br />

seus estados de espírito foram gentis, brutais, encantadores ou nobres. É o que me<br />

dizem as pedras que vocês erigiram. Vocês me fixam no lugar e meus olhos o<br />

contemplam. Eles vêem algo que expressa uma idéia. Uma idéia que se manifesta<br />

sem som ou palavra, mas unicamente através de formas que mantêm uma certa<br />

relação mútua. Essas formas são tais que se revelam claramente à luz. As relações<br />

entre elas não têm, necessariamente, nenhuma referência àquilo que é prático ou<br />

descritivo. São uma criação matemática que a mente de vocês gerou. São a<br />

linguagem da Arquitetura. Com o uso de materiais inertes e partindo de<br />

condições mais ou menos utilitárias, vocês estabeleceram certas relações que<br />

despertaram minhas emoções. Isso é Arquitetura. (LE CORBUSIER, apud<br />

FRAMPTON, 1997, p.179)<br />

Antes de descrever essa experiência, em outro ensaio intitulado “Roteiro”, Le<br />

Corbusier discorre sobre a estética do engenheiro, contrapondo-a à estética do arquiteto. Ele<br />

observa que a estética do engenheiro nos põe em acordo com as leis do universo,<br />

atingindo a harmonia, uma vez que se inspira na lei de economia e é conduzida pelo<br />

cálculo. Já o arquiteto, por ordenar formas,<br />

realiza uma ordem que é uma pura criação de seu espírito; pelas formas afeta<br />

intensamente nosso sentidos, provocando emoções plásticas; pelas relações que<br />

cria, ele desperta em nós ressonâncias profundas, nos dá a medida de uma ordem<br />

que sentimos em consonância com a ordem do mundo, determina movimentos<br />

diversos de nosso espírito e de nossos sentimentos; é então que sentimos a beleza.<br />

(LE CORBUSIER, 1989, p.XXIX)<br />

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