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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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Quem me mostrou foi a mulher<br />

que sem a conhecer sequer<br />

é tudo tão sevilhana<br />

no ser e no modo com que anda<br />

que leva consigo Sevilha<br />

e a traz ao ambiente que habita.<br />

(MELO NETO, 1997, p. 349)<br />

Assim, a equivalência entre as duas imagens se faz em função do processo de<br />

imitação do andar que a cidade exige da mulher, ou que a mulher ensina à cidade.<br />

Elaboradas num clima mais subjetivo, as imagens femininas dos últimos livros, no entanto,<br />

reforçam o projeto arquitetônico do poeta, ao conjugar mulher-cidade-escrita. Sevilha<br />

andando e Andando Sevilha reiteram muitas idéias propostas em livros anteriores, no que<br />

concerne ao tema feminino. Lembramos que essa relação mulher-cidade começa em<br />

Paisagens com figuras (1954-1955), quando o poeta contrapõe a imagem feminina da<br />

cidade à imagem masculina do estado de Pernambuco, no poema “Duas paisagens”:<br />

D’Ors em termos de mulher<br />

(Teresa, La Bem Plantada)<br />

descreveu da Catalunha<br />

a lucidez sábia e clássica<br />

e aquela sóbria harmonia,<br />

aquela fácil medida<br />

que, sem régua e sem compasso,<br />

leva em si, funda e instintiva,<br />

aprendida certamente<br />

no ritmo feminino<br />

de colinas e montanhas<br />

que lá têm seios medidos.<br />

Em termos de uma mulher<br />

não se conta é Pernambuco:<br />

é um estado masculino<br />

e de ossos à mostra,duro,<br />

de todos, o mais distinto<br />

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