18.04.2013 Views

HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que tanto informa sua festa<br />

e a alma em chispa detrás dela;<br />

e a outra febre, a da doença,<br />

da pobreza da Macarena,<br />

dos operários sem semana<br />

e dos ciganos de Triana:<br />

a febre antiga e popular<br />

que o mundo um dia há de curar<br />

e nada tem com a febre que arde<br />

no que é Sevilha e suas Carmens.<br />

Do comparante “fogo” de suas primeiras bailadoras, relacionado tanto ao contexto<br />

social de que fazem parte, quanto à sensualidade de seus movimentos, o poeta passa a<br />

“febre sem patologia”, mas tão intensa e ardente como a chama do fogo, pois é febre social,<br />

indiciadora da situação de pobreza em que vivem os operários e os ciganos de Triana, por<br />

isso “febre antiga e popular/ que o mundo um dia há de curar”, e que nada tem com a<br />

feminilidade de Sevilha e suas Carmens.<br />

No segundo quadro, o ambiente urbano e a mulher são comparados pelos seus<br />

atributos plásticos, evidenciados no uso de uma linguagem predominantemente adjetiva:<br />

De uma Sevilha tem pudor:<br />

de onde nos balcões tanta flor,<br />

de onde as casas de cor, caiadas<br />

cada ano em cores papagaias,<br />

que fazem cada rua uma festa<br />

que a sevilhana sem modéstia<br />

passeia como em sala sua,<br />

multivestida porém nua,<br />

dessa nudez sob mil refolhos<br />

que só se expressa pelos olhos.<br />

179

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!