HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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CAPÍTULO 4<br />
PRESENÇA DA PINTURA ESPANHOLA EM JOÃO CABRAL<br />
As relações entre literatura e artes plásticas são histórica e teoricamente<br />
fundamentadas por um paralelo que, desde a Antigüidade até o século XVIII, permaneceu<br />
na fórmula ut pictura poesis, proposta por Horácio na sua Ars Poética. Desde então, pintura<br />
e literatura são colocadas em situação de conformidade ou de equivalência, embora haja<br />
entre essas duas linguagens artísticas uma relação de concorrência hierárquica, já que de<br />
acordo com Simonides, a poesia é uma pintura falante e a pintura, uma poesia muda.<br />
(MUHANA, 2002)<br />
Vale lembrar, no entanto, que a era renascentista recupera o ut pictura poesis,<br />
invertendo o sentido da expressão, uma vez que na teoria assegurada pelos tratados<br />
iconográficos ou didáticos os grandes gêneros retóricos e as grandes divisões dos discursos<br />
moldam os procedimentos da pintura.<br />
Como exemplo, pode ser citado o texto de Leon Battista Alberti (1999), Da Pintura,<br />
redigido em duas versões: a latina, em 1435 e a vernácula ou vulgar, “em língua toscana”,<br />
em 1436. O texto de Alberti é considerado o primeiro documento da literatura artística a<br />
constituir a pintura como objeto de teoria e doutrina sistematizadas. Foi referência de<br />
investigação de importantes pintores, como Leonardo da Vinci, e de muitos tratados do<br />
século XVI. Com Alberti, estabelecem-se cabalmente contatos diretos entre a pintura<br />
contemporânea e as tradições clássicas da arte, da história e da literatura. Há inúmeros<br />
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