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HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores

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evento, segundo Moacir dos Anjos Junior e Jorge Ventura Morais (1998), apesar da<br />

qualidade intrínseca das obras, encontrou uma alta dose de incompreensão.<br />

Outro pintor pernambucano que mereceu um poema de João Cabral foi Joaquim do<br />

Rego Monteiro (1903 - 1934), irmão de Vicente. Embora o texto tenha sido publicado em<br />

Museu de tudo (1966-1974), obra que vai reunir os poemas que o autor nunca conseguiu<br />

encaixar na arquitetura de nenhum livro anterior, destacamos a referência ao aspecto<br />

cromático das telas do pintor:<br />

Joaquim do Rego Monteiro, pintor<br />

Esse recifense em Paris<br />

taquigrafou (como Miró)<br />

o magro e o nu, o inexcessivo<br />

de onde nasceu e se exilou;<br />

e essa parca caligrafia<br />

de recifense soube apor<br />

aos verdes podres do alagado,<br />

traduzindo o que é lama em cor.<br />

(MELO NETO, 1997, p.66)<br />

É interessante ressaltar a força expressiva do contraste visual estabelecido no<br />

poema, no momento em que João Cabral se refere aos “verdes podres do alagado” e à<br />

“lama”. Além da forte plasticidade do poema, João Cabral também recorta o tom<br />

taquigráfico das imagens aprendido na geografia do seco e do úmido de Recife. Os<br />

trabalhos de Joaquim do Rego Monteiro, segundo Gilberto Freyre (1979, p. 369), “são<br />

todos paisagens e marinhas. Assuntos ingênuos: recantos de bairros quietos com as suas<br />

lojitas de telhado vermelho; trechos de cais batidos de sol; pedaços de ruas meio tristonhas<br />

onde habitam e negociam petits bourgeois morosos e bons.”<br />

Apesar do interesse por pintores que valorizam o aspecto plástico de seus quadros,<br />

pelas estéticas cubistas, construtivistas e pelos surrealistas em primeira instância, ou da<br />

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