HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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Acreditamos que essa concepção dialética da forma, introduzida por Le Corbusier<br />
principalmente no ensaio “Estética e Arquitetura do Engenheiro” seja a maior lição<br />
aprendida por João Cabral, sobretudo quando este observa que “(...) a maior influência que<br />
sofri foi a de Le Corbusier. Aprendi com ele que se podia fazer uma arte não com<br />
o mórbido, mas com o são, não com o espontâneo, mas com o construído.”(SECCHIN,<br />
1999, p.327)<br />
Nesse sentido, devemos lembrar ainda que a dialética do arquiteto francês, em<br />
Arquitetura, é visível no jogo onipresente de opostos em suas obras. Nelas são percebidos<br />
os contrastes “entre o sólido e o vazio, luz e sombra, Apolo e Medusa”.<br />
(FRAMPTON,1997, p.179). Já nos ensaios do livro Vers une architecture, o dualismo<br />
conceitual do arquiteto é visto “em sua necessidade imperiosa de atender às exigências<br />
funcionais através da forma empírica” e no “impulso de usar elementos abstratos de modo a<br />
atingir os sentidos e nutrir o intelecto.” (Ibidem, p. 182)<br />
Quanto a Paul Valéry (1871-1945), a nosso ver, a lição aprendida por João Cabral<br />
está nos ensaios do poeta-crítico francês, sobretudo em Eupalinos ou o Arquiteto, publicado<br />
pela primeira vez em 1921. Nesse livro, conforme veremos no capítulo referente às relações<br />
entre a poesia cabralina e a Arquitetura, Valéry, através do arquiteto Eupalinos de Mégara,<br />
define a Arquitetura como sendo a arte que possibilita a ordenação entre o corpo e o<br />
espírito:<br />
O corpo e o espírito, esta presença invencivelmente atual e esta ausência criadora<br />
que disputam o ser, e que é preciso enfim compor; este finito e este infinito que<br />
trazemos em nós mesmos, cada qual segundo sua natureza, cumpre agora que se<br />
unam em uma construção ordenada. E, queiram os deuses, se trabalharem de<br />
acordo, trocando conveniência e graça, beleza e solidez, movimentos contra<br />
linhas e números contra pensamentos, terão enfim descoberto sua verdadeira<br />
relação, seu ato. Que se combinem, que se compreendam através da matéria de<br />
minha arte! Pedras e forças, perfis e massas, luzes e sombras, agrupamentos<br />
artificiais, ilusões de perspectiva e realidades da gravidade, estes são os objetos<br />
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