HELÂNIA CUNHA DE SOUSA CARDOSO A POESIA ... - Educadores
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Então, a cidade se configura como espaço ou “praças de bolso, feitas/ para se ir<br />
escutar o tempo/ desfiar carretéis de silêncio.”Finalmente, no último quadro, o poeta deseja<br />
mostrar a sevilhana pela associação entre a mulher e a sonoridade das rimas do poema:<br />
quis dar-lhe a ver em assonantes<br />
o que ambas têm de semelhante.<br />
Mas para sua confusão<br />
o que escreveu até então<br />
de Sevilha, de sua mulher,<br />
de suas ruas, de seu ser<br />
(que Sevilha, se há de entender<br />
é toda uma forma de ser),<br />
o que escreveu até então<br />
se revelou premonição<br />
(MELO NETO, 1997, p. 332)<br />
Portanto, os meios de estruturação das imagens desses textos passam por jogos de<br />
linguagem, na sua maioria de natureza antitética, até que haja a fusão dos opostos,<br />
propiciando um rompimento com o senso comum, com o tipo de poesia que busca fixar um<br />
aspecto do feminino em detrimento de outro. Além disso, percebemos que a organização<br />
das imagens, na sua estruturação enquanto signo, parece constituída como a linguagem da<br />
arquitetura, arte que leva em conta o espaço interior do objeto representado e os efeitos que<br />
esse espaço interior provoca naquele que o percorre.<br />
Por outro lado, por acreditar que a poética de João Cabral é inesgotável no que diz<br />
respeito às possibilidades de relacioná-la com outras linguagens artísticas, tentamos<br />
observar, na seqüência, como o poeta trata uma das questões inevitáveis da modernidade: a<br />
que estabelece um vínculo íntimo entre arte moderna e espaço urbano.<br />
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